Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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A escolha é sempre sua

 A breve caminhada desta vida, às vezes nos coloca diante de encruzilhadas, cujos caminhos parecem igualmente difíceis. São escolhas que precisam ser feitas, seja por opção consciente, acreditando que uma determinada direção é a opção certa, ou simplesmente por seguirmos, ou ainda, acabamos empurrados para algum lado, por influência externa, crenças ultrapassadas, ou outra força qualquer que acaba nos pressionando a seguir determinado rumo.

Aparentemente a opção mais fácil é deixar que a situação nos leve, pois se algo der errado o velho papel de vítima será a tábua de salvação. Seja como for, uma vez feita à opção temos que arcar com as responsabilidades por maior que seja o dilema, ele é sempre individual, mas as conseqüências podem afetar muitas pessoas. Somos livres para optar, mas antes é aconselhável que sejam respondidas três questões: Quero? Devo? Posso?

A resposta para estes questionamentos requer clareza de consciência, pois querer é algo natural, saudável e nos leva ao progresso. No entanto, não podemos confundir o querer e ter ambição com ganância, que é algo muito diferente. Enquanto a ambição faz crescer, a ganância nos faz regredir. O que distingue uma pessoa ambiciosa de uma gananciosa, embora as duas tenham em comum o querer mais, é que a segunda só quer para si.

Todos queremos, que diante das ameaças do aquecimento global, por exemplo, para que sejam desenvolvidas ações para melhorar as condições de preservação do meio ambiente.  No entanto, na hora de separar o lixo, que é algo que requer pequeno esforço, simplesmente não faz. Mas então, qual o sentido de querer ver o planeta livre desta ameaça? Posso eu deixar de reciclar o lixo? Certamente que posso. Devo? Não, não devo, jamais. Quero? Não, não posso querer, afinal, a destruição do planeta é um fato maléfico para a própria sobrevivência.

Sempre encontramos uma desculpa ao não fazermos o que deveríamos, que neste caso, poderia ser; “não tem importância é um pouquinho só”. Mas imagine se os outros, quase sete bilhões também pensassem assim. Uma decisão pessoal pode interferir na vida de muitas outras pessoas.É preciso pensar bem no rumo que for tomar.

É triste ver que estas perguntas sequer tocam a consciência de muitos, especialmente alguns arrogantes que pensam estar acima de qualquer questão e se preocupam somente com a satisfação do próprio querer. Esse encontro da arrogância com a ganância do querer é destrutivo, uma verdadeira ameaça a vida. Não somente a vida humana e de milhares de outros seres que conosco dividem este espaço e acabam destruindo a própria vida sem se darem conta.

Essas pessoas “se acham”, querem tudo, procuram satisfazer suas necessidades, independente das conseqüências, não se consideram arrogantes e sequer conseguem perceber o quanto são gananciosas. Algumas se dizem humildes, alegando escassos recursos materiais, mas na verdade não possuem humildade alguma, consideram-se acima destes questionamentos. Para elas o importante é satisfazer o seu querer. Elas querem tudo, invejam a alegria, o amor e a felicidade dos outros, esquecem de buscar alternativas, de questionar se devem, se podem, pois não percebem que a própria felicidade é uma construção individual que, respeitar a felicidade dos outros é permitir que a sua se desenvolva. São pessoas que fazem escolhas erradas, esquecem de abrir portas, não acreditam que a felicidade pode ser construída, sofrem pela enorme ansiedade e pela incapacidade de acreditar no futuro.

Obviamente que temos que lutar pelo amor e felicidade, mas estou falando de escolhas que trazem conseqüências aos outros. Embora possam querer, pois têm liberdade para isso ao desejarem o que não podem, ou seja, responderam sim ao primeiro questionamento sem avaliar os outros dois, estarão fazendo algo eticamente condenável. Para satisfazer seu desejo, o querer, prejudicam outros, acabam se tornando pessoas invejosas, medíocres e fadadas ao fracasso pessoal.

 Dessa forma, acabam, mesmo que inconscientemente, optando pelo caminho da infelicidade, do retrocesso, do atraso e, somente ao chegarem no final do caminho, perceberão que a caminhada foi em vão. A escolha é sempre sua, já as conseqüências, essas podem afetar muitas outras pessoas, inclusive quem tu mais amas. Lamento, mas a escolha é sempre sua, por isso, deve ser feita com absoluta integridade, pois mesmo que digas “não queria”. Se escolheu é porque queria. Se não querias quando escolheu, passou a querer e, uma vez feito, virão as conseqüências.

Quando o estrago está feito, não importa a intenção, sempre responderemos pelas conseqüências. Escolher é uma questão de princípios, de ética. É a ética que responde adequadamente àqueles três questionamentos. Quanto mais sólidos forem os princípios, mas fácil será enfrentar os dilemas, optar pela estrada certa nas encruzilhadas e mais íntegros nos tornaremos.

Uma escolha, por menor que possa parecer, sempre trará conseqüências que serão creditadas ou debitadas em nossa conta pessoal. Assim como, um grande e incontrolável incêndio começa com uma pequena chama, nossas escolhas também podem trazer enormes conseqüências, e neste caso não existe seguro que possa cobrir os prejuízos. Lembre-se, a escolha é sempre individual, mas as suas conseqüências vão além e podem afetar muitas outras pessoas. Pense nisso.

Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 21/05/2008
Alterado em 28/02/2015
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