Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos

É preciso voltar a confiar.

 

Uma câmera de segurança, de um edifício em Brasília, flagrou uma mãe abandonando o filho recém nascido, o que facilitou que se chegasse rapidamente a identificação. Isso me remeteu a uma reflexão que vai um pouco além disto e do grande Big Brother que vivemos atualmente, pois praticamente em todos os lugares somos vigiados por olhos eletrônicos. A principio, trata-se de uma questão de segurança, pois todos sabemos que nestes tempos “bicudos” que vivemos, estamos cada vez mais expostos. Sabemos também das graves falhas da estrutura social que fazem com que a criminalidade e a bandidagem aumentem a cada dia.

 Deste modo, praticamente em qualquer lugar, mas especialmente em locais de grande fluxo de pessoas, passamos a nos sentir cada vez mais inseguros e temerosos de furtos, assaltos e outras maldades. A preocupação com a segurança é tanta, que passamos a suspeitar de “todos” por qualquer coisa, tornando-se uma desconfiança generalizada. Esta é uma situação que, se não é fundamental, certamente é relevante.

 Criamos, talvez involuntariamente uma cultura de falta de confiança em tudo e em todos que nos cercam. Não confiamos mais nos governos, nas instituições, nas pessoas e até mesmo nos próprios projetos e metas, uma vez que deixamos de acreditar em nós mesmos. Confiar nas pessoas é confiar em nós mesmos, pois é a chave para o sucesso e a prosperidade diante de tantas incertezas e ameaças.

Nascemos confiantes, pelo menos é isso que alguns dizem, pois saímos do conforto do ventre materno, dispostos a encarar o mundo aqui fora. Confiamos de que seremos bem cuidados e alimentados, certeza que acaba se confirmando ao recebermos os cuidados maternos – exceto casos como dessa mãe de Brasília. Porém, com o tempo às coisas nem sempre acabam ocorrendo da forma que planejamos e aos poucos a perdemos.

Muitas vezes, adotamos atitudes e soluções, copiadas de quem admiramos para superar obstáculos, alcançar posições, ou coisas na tentativa de conquistar o que outros conquistaram. Procuramos desenvolver os mesmos talentos que alavancaram os que chegaram lá.  Tentamos imitar e seguir os passos que os levaram na posição que também almejamos. Esse processo pode ter seu valor, pois é sempre saudável seguir bons exemplos, mas contém a perigosa armadilha de esquecermos de aperfeiçoar os próprios.

Quando o sucesso não vem, encontramos repostas nas velhas crenças que ouvimos e adquirimos no decorrer da vida. “O sucesso é para poucos”, “todos só querem puxar o meu tapete”, “não tenho sorte” e muitas outras crenças que acabamos adotando. A falta de confiança e a identificação com determinados modelos impedem que alcancemos os resultados desejados e acabam por confirmar essas crenças negativas, reforçando ainda mais a falta de confiança.

Seja pela insegurança social, pela adoção de crenças e comportamentos inadequados, cada dia se torna mais difícil manter um relacionamento baseado na confiança. As mudanças em todas as áreas são cada vez mais rápidas, trazendo mais insegurança e incertezas quanto ao amanha, fazendo com que adotemos atitudes defensivas, pois tememos em sermos prejudicados.Tudo parece uma grande ameaça a nossa estabilidade e assim fazemos da desconfiança uma barreira de proteção contra os perigos externos.

 Ao agirmos assim, nos fechamos cada vez mais e passamos a nos aprisionar em nós mesmos, deixando de experimentar e viver as coisas lá fora. E, uma vez fechados, perdemos a autoconfiança e nos afastamos da realização, dando as costas para a felicidade. Essa atitude é mais que contraditória, pois enquanto utilizamos a desconfiança para não sermos passados para trás e para nos protegermos, não conseguimos ir adiante.

A desconfiança nos mantém nos limites do conhecido, nos aconselha a evitar qualquer risco, nos fecha para as oportunidades e por fim, nos afasta de todos. O mundo atual, com a individualidade respeitada e valorizada, exige coragem para arriscar mais do que requer a prudência para o desconhecido, mas impõem a necessidade de nos integrarmos com as pessoas. As oportunidades de qualquer natureza, em especial os profissionais e pessoais, exigem flexibilidade e bom relacionamento, antes mesmo de iniciativa, capacidade empreendedora e outras tantas aptidões sempre tão valorizadas e desejadas. Essas características são encontradas em pessoas com confiança, jamais em desconfiadas.

Arriscar-se a confiar nas pessoas é dar-se uma oportunidade de viver, de quebrar o círculo da descrença, pois, enquanto acharmos que ninguém merece confiança, seremos como o cão que corre atrás do próprio rabo e não chega a lugar nenhum, ou seja, se não confiarmos em ninguém, ninguém confiará em nós.

Motivos para desconfiança nos são oferecidos diariamente, no entanto, temos que adotar atitudes que oportunizem a confiança. Afinal, é ela a engrenagem que torna possível o bom relacionamento, o funcionamento das instituições ou o sucesso das empresas. É preciso resgatar a autoconfiança e parar de projetar a desconfiança nos outros e na vida, ou estaremos nos sentenciado a própria infelicidade. Pense nisso.

Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 11/04/2008
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