Quero falar um pouco sobre a questão do trabalho, primeiramente para àqueles que leram o texto da semana e entenderam que sou “contra o trabalho”, quando falava do fim das férias e a retomada da rotina de trabalho.
Diante disso, e, para que não fique mais nenhuma dúvida, esclareço que não sou contra o trabalho, mas sou contra dedicar-se excessivamente, depositar nele a conquista da felicidade, do bem estar pessoal, familiar e todas as demais interpretações que alguns fanáticos lhe atribuem. Confesso que sou simpático ao ócio, especialmente ao chamado ócio criativo, mas tenho consciência da sua importância na vida de todos nós. Até porque, vale lembrar do antigo ditado que diz: “a preguiça viaja tão devagar que a pobreza logo a ultrapassa”, ou seja, se o trabalho nos foi imposto como castigo pela prática do pecado, dos dois, no paraíso, até que a punição não foi das piores, uma vez que o trabalho também trás prazer e realização. Embora eu não possa acreditar que tenha sido um castigo, apenas pelo fato de um cidadão ter descumprido uma determinada ordem. Seria como ser condenado a pagar pena de algum irresponsável qualquer. Não acredito que Deus com toda a sua generosidade fizesse isso com todos nós, assim como também não acredito que seja uma regra a literal afirmação que é difícil um rico entrar no reino do céu, mas esta é uma crença pessoal que não me impede de incentivar e buscar riqueza material.
No entanto, é preciso deixar claro que nenhum segredo do sucesso funcionará sem muito trabalho. Todo o poder e a veemente defesa que faço do pensamento criativo, do querer, do imaginar, da força mental enfim, em nada adianta se não houver ação, ou seja, trabalho. Aquilo que se acredita não terá nenhum valor se não houver ação e não trabalharmos com afinco para concretizá-lo. Trabalhar sem acreditar é improdutivo tanto quanto acreditar e não trabalhar. Acreditar e agir é caminhar para o sucesso.
Não podemos esquecer que Deus fez as uvas e nos deu a benção do trabalho para transformá-las em vinho. Não fomos criados para ficarmos parados, fomos feitos para agir, para transformar as boas idéias em algo produtivo capaz de melhorar-nos como seres humanos e conseqüentemente o mundo. Não podemos cumprir nosso destino com base apenas em teoria, é preciso esforço, dedicação, superação, trabalho físico e mental. Não vejo utilidade em viver uma vida de clausura, mesmo que dedicada a Deus, não acredito que ele tenha nos criado para passarmos à vida isolados sem fazer nada de produtivo para a humanidade. Ele não é tão vaidoso que precisa de adoração constante, tampouco deve aceitar que outros peçam perdão pelos meus pecados se eu não me arrepender deles. Somos indivíduos únicos e Ele esta em nós, nos auxiliando a evoluir e proporcionando todas as oportunidades que precisamos.
O universo nos oferece tantas posses, quantas somos capazes de conquistar e desfrutarmos, desde que sejam obtidas honestamente. Mas isso requer que saibamos utilizá-las não só em benefício próprio. Ele espera que usufruamos todos os bens que nos são oferecidos, e não sejamos egoístas e nos mostremos prontos a reparti-los sempre que necessário.
Espero ter deixado clara a importância que atribuo ao trabalho, pois, querer ser bem sucedido sem trabalhar é o mesmo que querer colher sem nada plantar. No entanto, estabelecer um limite para essa atividade é vital para ter uma vida saudável. A receita para o bem estar tem muitos ingredientes, mas o segredo esta na dose. Neste caso, na pitada final, àquela famosa pitada “a gosto” é que deve ser bem avaliada.
Assim, é sempre bom lembrar as palavras do pequeno príncipe, quando nos diz que somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. Afinal, não vivemos isolados e temos responsabilidades com os que estão ao nosso lado. Pense nisso.