Na câmara secreta da geometria, o círculo repousa —
anel sem princípio, sem aresta, sem fim,
espelho da Eternidade que gira
nos mapas ocultos do coração.
A parábola curva-se como lua nascente,
a hipotenusa é o raio de luz que toca o centro,
e nos ângulos perfeitos dos triângulos
o amor se revela como código celeste.
No altar invisível, princípio e fim se beijam,
trançando o ouro do tempo
até se fazerem luz contínua.
O homem, em sua ânsia de eternizar o instante,
fez dele coração rubro,
símbolo que atravessa séculos,
marca viva de um pacto sem palavras.
Mas o amor, sábio como os antigos mestres,
às vezes se disfarça de linha reta,
percorrendo distâncias como quem aprende o caminho,
até que o instante sagrado o convide
a curvar-se de novo
e fechar-se sobre si —
para então tornar-se círculo, mandala,
porta para o infinito.
Hoje sei, meu amor,
que somos retas consagradas na mesma geometria,
correndo lado a lado pelo plano do destino,
até que, além de todo espaço,
no ponto onde o Tempo se dissolve,
o círculo se feche
e o nosso amor se cumpra como eternidade.