Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos

Pedras do caminho.

Em um dos meus últimos textos falei em ilusão, mas não toquei na mais absurda e desastrosa ilusão que é a vaidade, considerada por sua vez, o maior dos pecados pelos sábios e, certamente o é, por que nos faz pensar que podemos nos realizar com as qualidades dos outros.

A vaidade e a arrogância estão presentes no cotidiano, muito além do que nos damos conta. Enquanto a vaidade nos faz presunçosos, nos torna fúteis e alimenta o desejo imoderado de nos vangloriarmos para sermos admirados. A arrogância nos idealiza como deveríamos ser, fazendo-nos parecer mais honesto, virtuoso, mais amoroso e assim por diante. Mas, na realidade quer esconder o quanto somos maldosos, ignorantes, desequilibrados entre tantos outros desequilíbrios comuns dos homens. Sempre encontraremos no ser humano; deformidades, imperfeições, complexos de inferioridade, feiúra e inadequação ou, seja qual for o complexo, ele é resultado da arrogância que nos faz pensar que somos um modelo, um exemplo de perfeição.

Na verdade, estamos caminhando para a perfeição em estágios evolutivos diferentes, somos únicos e neste sentido, incomparáveis. Ao nos vermos como imperfeitos, recusamos a nos conhecer de verdade, desvalorizando muitas vezes o que realmente somos. Ao negar que ainda somos seres imperfeitos, nos escondemos de nós mesmos, transformando a vida num inferno, uma vez que não temos obrigação de assumir como verdade a obrigação de agradar os outros. É impossível agradar a todos, mas, caso tentarmos, acabaremos degradados a meros reflexos dos caprichos que nos foram impostos ou que aceitos como válidos para nossas vidas. Além disso, com freqüência somos vítimas do nosso próprio pensamento, especialmente aquele que nos foi ensinado há muito tempo, de “agradar” sempre. Tudo na verdade fica simples quando desprezarmos a arrogância e a vaidade. Sem as quais, a Sociedade seria completamente diferente e teríamos eliminado dois grandes obstáculos para a melhoria íntima.

Vivemos em um mundo onde somos muito dependentes do parecer e da aprovação dos outros. Nos tornamos submissos ao julgamento e escravos dos aplausos dos outros. É preciso ter coragem de se perguntar porque nos submetemos a todas essas coisas? Por que vivemos na insegurança de não atender as expectativas dos outros? Uma vez que diariamente aumenta nossa dependência do parecer dos outros, que, aliás, nos custa muito mais sacrifício. Quando conseguimos conquistar algo que queríamos, sofremos para mantê-lo e, embora aquilo nos satisfaça momentaneamente nunca estamos satisfeitos com as próprias conquistas.  É o preço por nossas ilusões vaidosas, já que nossa arrogância e ignorância dificultam o caminho da auto-realização sem sofrimento.Desejar sucesso e prosperidade é saudável e desejável, mas cuidado com essa dupla.

Se tivermos consciência de que realmente somos únicos, tudo fica mais fácil e os outros passam a ter somente o valor que merecem. Saberemos reconhecer o próprio valor, sem precisarmos desrespeitar ou “agradar” ninguém.  Afinal, a caminhada é só sua e o único apoio que nunca o abandona é o seu, o único amor que o realiza é o seu, ou seja, a única valorização realmente eficiente é a que cada um de nós se atribui. Posto isso, é ilusão pensar que qualidades, objetivos ou realizações dos outros servem para nos realizar, como por exemplo o fã apaixonado que “vive” a vida do seu ídolo ao invés de cuidar da própria.

“Existir não é opcional”.Quando li essas palavras fiquei chocado, mas é uma grande verdade que nunca havia passado pela minha cabeça. Você, eu e todos nós existimos e existiremos para sempre sem que possamos fazer nada, independente de crença ou religião seremos eternos. Isto por si só, justificaria abandonarmos a vaidade e a arrogância imediatamente. Também me fez pensar nas demais atitudes que adotamos no decorrer da vida, uma vez que são elas que formam a nossa realidade, principalmente todas aquelas situações desagradáveis que vivemos em nosso dia-a-dia. Então, porque não abandoná-las e mudar de uma vez? Você pode pensar que isso não é assim tão fácil, afinal, estamos sempre querendo mudá-las adotando novos pensamentos que nos levem a mudança, mas raramente conseguimos.

Isto pode bem ser verdade, mas na vida temos batalhas individuais que precisam ser enfrentadas e são elas que nos engrandecem. É preciso persistência, determinação e entusiasmo para vencê-las. Mudar é trocar de atitude. Sou insistente com essa questão de mudar, pois é sabido que mantendo as velhas atitudes, não iremos além de onde estamos, assim como seguir o caminho dos outros é chegar aonde os outros já chegaram, o que às vezes pode ser um bom exemplo, porém nunca podemos esquecer que o trajeto é pessoal. É preciso ousar, ir além, abandonar os vícios e trabalhar na reforma íntima, pois atitudes que só atuam externamente são passageiras e nos fazem desmoronar logo adiante.  Todos nós queremos a felicidade, no entanto, é conquista de poucos. Os que disseram tê-la conquistado, afirmam que ela não vem das coisas externas.

Temos que aprender que podemos ser felizes enquanto construímos o caminho, basta dedicarmos mais atenção ao nosso interior e descobriremos o que realmente somos e queremos ser, assim os resultados esperados começaram a aparecer.  Certamente a jornada vai além da arrogância e vaidade, mas sem essas duas pedras podemos acelerar o passo e avançarmos com maior rapidez rumo a uma vida mais próspera e feliz. Pense nisso.

Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 27/11/2007
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