Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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O dia que conheci Elis

 Elis já era muito conhecida. Muitos amigos falavam maravilhas sobre o seu trabalho. Estrelou para a fama, mas mantinha-se humilde e recatada, pois, sua carreira de sucesso podia ser prevista com um simples olhar mais atento.

Menina, mulher, independente, daquele tipo que sabe o que quer e consciente do quanto pode, apesar da aparência formosa onde se destacavam os sedosos cabelos negros e olhos penetrantes. O sorriso largo emoldurado pelos úmidos lábios, que pareciam pétalas de rosa molhadas pelo orvalho do amanhecer iluminava seu rosto. A personalidade guerreira e doce podia ser facilmente notada.

Um dia, ao saber que ela estava com a agenda livre, tomei coragem e liguei. Já havia sonhado três vezes com ela. Sonhos que só podia qualificar como sonhos, pois, todas as suas qualidades inclusive a extrema beleza, me levavam a um êxtase de prazer e felicidade. Apesar da admiração e todo aquele mundo de coisas boas que nutria por Elis, não via razão para aqueles sonhos.

Mas, havia chegado à hora de finalmente ouvir aquela voz somente no meu ouvido, com a convicção de estar fazendo algo em meu benefício. Precisava dedicar um tempo para o meu bem estar, porque o stress vinha batendo a minha porta há tempos.

Disquei cuidadosamente os números, ouvi o barulho da discagem e em seguida o tum, tum, tum...Estava ocupado. Desmoronei junto com toda a minha expectativa e ansiedade,No entanto, como fã nunca desiste, reuni toda a minha coragem, disquei novamente e, na segunda chamada, fui atendido:

-   Alo!

-   Elis?

-   Oi. Tu-do be-em? Respondeu-me gaguejando.

Emocionado, custei a perceber que era a ligação que estava péssima. Algumas palavras depois já estava me sentindo a vontade. Surpreendentemente declarei meus sonhos, sem exitar.

Havia sonhado com Elis por três vezes e,em todos, estávamos em ambientes muito agradáveis e familiares para os dois.

Lembro da intensidade com que passeávamos pela floresta de mãos dadas. Era como se fôssemos dois grandes amigos. Um passeio à moda Peter Pan, onde voávamos sobre as imensas áreas arborizadas de onde exalava uma energia poética que sustentava nosso vôo. A sensação era indescritível, conhecemos toda a região, as áreas cultivadas e as principais cidades.

O sonho realmente marcante foi mais específico. Sentados em frente a lareira, regado a vinho tinto, conversávamos animadamente sobre a importância da música em nossas vidas. Um assunto que nos envolveu profundamente por várias horas, que se transformaram em poucos minutos diante de um ambiente tão agradável.

Não queria perder tempo detalhando meus sonhos com ela, mas todos os assuntos previamente ensaiados haviam sumido da minha mente. A graça e simpatia como retribuía as minhas desencontradas palavras ao telefone me acalmavam, tornando o diálogo mais natural.

Falamos sobre suas ambições profissionais, a carreira que se iniciaria oficialmente no final do ano, e muitas coisas fúteis e bem humoradas, que servira para nos aproximarmos, fortalecendo a amizade.

Retomei aquela coragem de fã e solicitei uma foto, que ela prontificou-se em enviar. Não sei precisar o tempo que ficamos falando. Pela pequena fortuna que se apresentou na conta, estimei em mais de meia hora. Após desligar lembrei que não havia pedido dedicatória na foto, mas aí! Já seria demais. Acreditava que aquele seria o primeiro de outros momentos agradáveis que iríamos viver, embora soubesse que meu espaço era de um querido amigo distante.

Afinal, Elis ainda era uma menina, linda e dedicada, mostrando claramente que seu talento e juventude ainda a levaria a cantar em muitas estradas da vida, bem como a arrebentar muitos corações com suas belas canções.

Dias depois a foto de Elis chegou. Sem dedicatória, mas também não havia necessidade, uma vez que, a sensação ao ver a foto era de uma enorme emoção, pois aquela imagem cheia de graça me parecia familiar. Certamente ela não fazia parte da minha família, quem sabe noutra vida, mas nesta certamente não.

Não bastassem os milhares de quilômetros que nos separavam e o inexistente fluxo migratório de familiares, seria impossível reunir tanto charme e talento pela simples junção de genes comuns.

Elis definitivamente pertencia a uma espécie rara, uma personalidade impar oriunda da combinação de fatores raros.

Assim, Elisangela, a futura administradora,  passou a integrar a minha lista de amigos do coração, despertando-me a curiosidade de um dia conheça-la pessoalmente na distante Alta Mata.

No entanto, esse encontro ocorreu somente muitos anos depois, na véspera do meu retorno ao plano físico, quando Elis chegou para iniciar seus estudos preparatórios naquele centro do plano astral.

 

Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 14/08/2007
Alterado em 15/08/2007
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