Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos
Incapazes de receber
 
Às vezes nos deparamos com coisa que a primeira análise, parece uma loucura, um absurdo. Claro que não são poucas, tanto que essa é uma frase mais que batida, no cotidiano, mas tenho algo que me empurra a escrever sobre algumas obviedades. E hoje, ao conversar com um colega de trabalho, evidenciamos um significativo grupo de pessoas próximas, que possuem o mesmo comportamento, e forma de agir diante da vida.
Embora o grupo, seja heterogêneo, quanto a suas ações profissionais, seus relacionamentos estáveis e condições socioeconômicas, apresentam o mesmo comportamento quando se trata em aceitar afeto. São pessoas que não sabem receber um gesto de carinho, uma delicadeza e até mesmo uma gentileza, sem interpretá-la. Para essas pessoas qualquer gesto neste sentido, é uma tentativa de conquista, um flerte, um interesse esconso ou algo desse tipo.
Sei perfeitamente que nos tempos atuais devemos ser precavidos, que toda a prudência é sempre pouca, e assim por diante. Salvo todos os cuidados cabíveis, ainda assim deve existir um espaço para o afeto no seu sentido mais puro.
È compreensível que as diferentes distorções psicológicas possam ter importante influencia na relação sentimental de receber ou dar afeto e por alguma razão tenham sido agrupados em um pequeno lugar, no caso o meio em que convivo.
Atitudes de respeito, amizade, gentileza e carinho que deveria pautar as relações humanas surpreendentemente são vistas como ações interesseiras, frequentemente interpretadas como pretensões sexuais, o que não pode ser verdade em muitos casos. Porém mesmo quando existe o interesse sexual, basta uma atitude clara para respeitosamente colocar o assediante no seu devido lugar, e em último caso simplesmente fazer uma denuncia de assédio. Entretanto, não é este o assunto que me faz  digitar estas poucas linhas, e sim o fato de muitas pessoas serem aparentemente refratárias ao afeto, quando interna e externamente estão desesperada por um pouco de carinho, amor e atenção.
Um comportamento típico dessas pessoas é não admitir a sua carência, então escondem sua necessidade com muitos artifícios. Passam a julgar qualquer carinho ou aproximação como um ataque a sua vulnerabilidade ou uma submissão a seus talentos e encantos. Quando se sentem vulneráveis, atacam sem razão tentando desqualificar quem quer que pareça ameaçá-las. Logo partem para a baixaria, qualificando aos demais como incompetentes, mal amados, pervertidos, homofóbicos, entre tantos adjetivos que visam desqualificar quem quer que os faça se sentirem vulneráveis. O mais intrigante, falando em vulnerabilidade é sentimental, esta sendo oferecido exatamente o que necessitam. Porém, quando interpretam a gentileza, como sendo uma submissão aos seus atributos físicos, em última análise todos são classificados como pervertidos.
Surpreendentemente, também existem as que providas ou desprovidas de atributos físicos ou intelectuais e embora carentes de atenção e afeto, como todas as demais, negam suas necessidades escondendo-se atrás da fofoca, da mentira e das intrigas. Essas, dominadas pelo ego, espalham suas versões fantasiosas, como s fossem as mais desejadas, queridas e seguras pessoas do mundo. Julgam-se superiores e independentes, quando na realidade seu intimo mendiga por carinho e atenção, mas preferem essa contínua dor da falta em troca de um breve momento de manifestação do ego, no qual podem qualificar-se como as e desqualificar as que geralmente lhe são a única verdadeira fonte do mais puro carinho e atenção.
Comportamentos contraditórios tão comuns em todos nós me fascinam, entende-los não é tarefa fácil nem mesmo para os que se dedica profissionalmente, mas o simples fato de poder descrevê-los já me leva a uma reflexão, muito mais ampla que este espaço permite compartilhar e consequentemente a um crescimento pessoal, sempre necessário a quem busca evoluir. Seria aprender com o exemplo dos outros? 


http://www.flickr.com/photos/jairpauletto/5868235606/in/photostream


Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 05/07/2012
Alterado em 12/02/2013
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