Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos
AngeLima Jolie
Quando o assunto é o continente asiático, lembramos de belezas naturais, competitividade industrial, tecnologia, olhos puxados, população numerosa, além de tantas outras curiosidades e atrações.

Os chamados países asiáticos foram os que nos últimos anos atraíram a atenção da comunidade mundial pelo desempenho econômico. Hoje a China lidera esse processo. De lá recebemos diariamente milhares de produtos com preços competitivos, especialmente devido ao baixo custo da mão de obra.

Quem nunca consumiu um produto fabricado lá? Quem nunca consumiu uma fruta originária de lá? Para a primeira pergunta logo temos uma resposta na ponta da língua, porém para a segunda, temos que pensar um pouco e talvez até pesquisar. Quer uma dica? Pois é, trata-se da fonte mais popular de vitamina C. Infelizmente, entre a família dos citros há uma variedade impopular e a mais descriminada pela população.

Talvez seja uma questão de monopólio dos grandes e tradicionais produtores, receosos de perder mercado com as variedades tradicionais. Os fuxiqueiros de plantão culpam-na pelo seu aspecto, mas na verdade trate-se de uma absoluta inveja ou ciúme, visto que, é uma variedade superior.

Apresenta-se de forma discreta e elegante, uma fruta verdadeiramente charmosa. Seu charme começa pela coloração amarelo-claro, a casca é fina e sua forma é menos “gorducha”, o que lhe atribui uma elegância diferenciada. Seu sabor suave e pouco ácido é apreciado até pelos bebês. Comparando-a ao mundo das bebidas, diria que seu suco equipara-se ao bom espumante (Don Giovanni Brut Ouro, Chandon Excellence), ou no mínimo ao tradicional Dry Martini.  

Ela é a verdadeira dama dos citros, é como uma gueixa, ou seja, um privilégio de minorias, os poucos que sabem aprecia-la. Deveria haver um movimento nacional em prol a valorização desta fruta, mas um movimento como jamais visto neste país, superior a luta pelas diretas ou o dos caras pintadas, com a colaboração do MPF – movimento dos pequenos fruticultores, é claro.

Existe claramente um boicote a essa fruta. Nos supermercados quando encontrada, geralmente fica exposta num cantinho discreto, quase escondido. Enquanto que suas “irmãs” ocupam sempre um local de vitrine. Os feirantes não a exibem em suas bancas. Assim como, o seu nome também não é pronunciado nem mesmo entre os intervalos de: “olha o chuchu, olha o aipo, a jaca..., tudo baratinho...”.

Seus gomos de sabor suave e doce, apesar de pálidos, parecem os lábios carnudos de Angelina Jolie. Quanto ao sabor, bom! Isso infelizmente não posso afirmar. Mas, o que posso garantir é que são suculentos, os gomos é claro, rega nosso paladar com seu delicioso suco.

É claro que para alguns não passa de uma fruta indecisa, ou seja, a definem como um citro sem coragem de ser laranja e sem força suficiente para ser um limão. E ainda, para os paladares menos apurados, é uma fruta sem sabor definido, insosso, nem doce, nem amargo. Como se seu sabor não fosse sabor. De que sabor seria então? Caju?

Entretanto, para aqueles que a consideram “sem graça”, espero que ao vê-la, lembrem dos “gomos”, da boca da Angelina Jolie ou a de Brad Pitt, se assim as meninas preferirem.

Assim quem sabe, ela passe a ser vista, disponibilizada e degustada como uma fruta diferenciada, não somente pelo sabor, mas principalmente que também possa resgatar o seu lugar de rainha no reino dos citros.

Diante disso, convoco todos a lutar para acabarmos com o boicote a essa fruta, e principalmente saírem às ruas e engajarem-se a campanha: “Eu quero mais Laranja-lima”.

Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 03/02/2007
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