Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Cadê meus Livros?
Quem nunca perdeu um livro. Não só por descuido, mas principalmente por ter emprestado para aquele colega ou amigo que parecia tão zeloso e ávido por uma boa leitura.

Assim, quando alguém comenta o livro, lembramos que não foi devolvido. E, constrangidos ensaiamos a melhor forma de cobrar a devolução. Embora, em alguns casos, é preferível perde-lo ou adquirir outro para evitar aborrecimentos.

È claro que com as dificuldades financeiras e o elevado preço de alguns livros, muitas pessoas não têm alternativa a não ser o empréstimo. O que nos leva a efetuar o empréstimo vai além do favor de proporcionar o prazer de ler. O que nos move na verdade é a paixão pela literatura, tornando esse ato tão prazeroso quanto à própria leitura.

Apesar de reconhecer as dificuldades financeiras, a satisfação pelo empréstimo e a paixão literária, sempre temos aqueles livros preferidos em que à separação fica difícil. Quanto corre, mesmo que temporariamente, nos causam muito sofrimento.

A maior dificuldade diante de uma solicitação destas, é o constrangimento de negar o pedido. Não é fácil explicar essa relação de afeto pelos livros para alguns, porque jamais compreenderiam que a relação de um homem com um bom livro é equivalente ao amor por sua mulher.

É claro que se entendessem esse afeto, provavelmente não pediriam o livro emprestado, pelo menos nessa cultura que vivemos. Entretanto, nada é mais deprimente em um empréstimo quando o solicitante esquece de devolvê-lo. Ou, quando o referenciamos para chamar a sua atenção, cria obstáculos e começa sofrer ataques de amnésia. Isso, faz com que tenhamos a sensação de que o livro abandonou o lar, ou ainda, que resolveu passar uma longa temporada fora. Como se fosse viver o seu conteúdo. Nestes casos é como tivéssemos sido abandonados pela pessoa amada. E, como consolo, superar e partir para o mercado.

Ainda bem que, além da internet, temos excelentes livrarias na praça.

Devolução de empréstimo é uma situação que, além de constrangedora, muitas vezes acaba com uma relação até então saudável. Embora seja totalmente contra a qualquer tipo de atrito nas relações humanas, há um caso que não posso suportar.

Trata-se da devolução triste. Falo daquela devolução em que o livro é devolvido com a capa amassada, páginas dobradas e cheio de orelhas. Ora, isso é imperdoável, não há nada mais deselegante, mais ”mal educado” que devolver um livro nessas péssimas condições.

Mais absurdo ainda, é você elegantemente reclamar que o livro está danificado e receber como resposta de que essa é prova que o livro realmente foi lido.

É obvio que a utilização de qualquer objeto causa um desgaste relativo, mas a leitura de um livro, por mais frágil que possa ser, não pode torná-lo “resto de guerra”.

Aos amigos que por ventura estiverem com alguns dos meus livros, espero que estejam sendo úteis, e, sobretudo, prazerosos. Porém,  considerem este pequeno texto um balizador da minha afeição por eles.

E, para aqueles que pretendem ou pretendiam novos empréstimos, saibam que a área de empréstimos foi fechada devido à intensidade da relação amorosa. Além dos sucessivos prejuízos.
Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 17/01/2007
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