Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos
Fugindo da Paixão

O esperado feriado que prolongaria o final de semana, finalmente chegou. Um pouco de paciência com o trânsito e algumas horas depois, a brisa marinha começava a soprar os cabelos de Tício.
Aquele final de semana serviria para rever os amigos e quem sabe namorar um pouco, embora precisasse descansar, porque a semana seguinte seria de muito trabalho.
A carreira profissional era sua prioridade. Liderava uma equipe eficiente que desenvolvia um importante trabalho empresarial com uma ação diretamente ligada a camada social mais carente.
O beneficio social era a principal razão de tanta dedicação profissional, embora sua função fosse gerar lucro, objetivo principal e esperado pelos outros acionistas, o que obviamente também lhe traria dividendos.
Desligar-se fisicamente do trabalho era tarefa cumprida. Todavia, mentalmente não estava sendo fácil. Havia brigado durante todo o sábado sem resultados.
O dia fora perfeito para o surf, os amigos e os flertes no bar preferido no final da tarde. Resolveu reservar a noite para o descanso. Esperava um sono relaxante, mas ao deitar-se, o pensamento fixou-se no trabalho. Análises, projeções, estratégias e resultados foram traçados e revistos mentalmente por várias horas até ser finalmente, tomado pelo sono.
Pouco tempo depois, Tício acordou subitamente com uma forte sensação de perda, misturada com aquele “aperto” no coração. Sara literalmente hibernara em sua mente.
Desde que Sara integrara a sua equipe de trabalho, sentia uma gostosa simpatia por aquela charmosa morena. Com a convivência diária, passou a admirá-la e discretamente, “protegê-la”. Sempre se preocupava com seu bem estar. E, se aquela face delicadamente esculpida apresentasse algum traço de preocupação, procurava encontrar alguma forma eliminá-la.
Eventualmente tratava algum assunto diretamente. Porém, havia alguns momentos, e nos quais, se perguntava por que gostava tanto de Sara e porque não conseguia identificar a razão daquele “gostar”.
Por algumas vezes chegou analisar alguns aspectos como a fisionomia, profissionalismo, charme, sexo e até mesmo espirituais. Mas não havia chegado a nenhuma conclusão, e o assunto ficava por isso mesmo.
Agora com aquela invasão noturna, Tício sentiu que precisava dar maior atenção ao caso. A presença de Sara em sua vida seria avaliada com toda a atenção que o coração exigia. Como teria bastante tempo para dormir no feriado, resolveu não resistir e fixou o pensamento naquela bela mulher.
Na terça-feira, Tício chegou ao trabalho alguns minutos antes, e esperou na porta do elevador para conduzir até sua sala, aquela que fora sua companhia mental todo o final de semana.
Fechou a porta e disparou o verbo. Foi à declaração de amor mais sincera e profunda que Sara já ouvira em toda sua vida. Enquanto ouvia feliz, ela também correspondia sorrindo e acenando com a cabeça. Ao terminar de ouvi-lo, abraçaram-se fortemente. Era como se fossem um só.
Passados os instantes de emoção, Tício afastou-se um pouco e em seguida com a sua voz forte, postada e palavras muito bem articuladas, acrescentou:
- Por favor, dirija-se ao departamento de pessoal, você esta demitida.
Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 15/01/2007
Alterado em 06/06/2007
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