Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos
O Espelho
A respiração ofegante aos poucos ia dando lugar a uma agradável sensação de bem estar, o colchão parecia uma pluma, estavam deitados lado a lado. Ela acariciava seus ralos cabelos do peito e ele retribuía acariciando sua cintura com a mão direita.
Enquanto curtiam aquele maravilhoso momento, ele deixara seus pensamentos vagarem, uma oportunidade para as velhas lembranças se instalarem, algo que ele gostava de relembrar.
Lembrava o quanto aquele abdômen o atraia, era bem definido desde a sua adolescência, era a parte do corpo feminino que mais chamava a sua atenção, apesar de que naquela época deixar a barriga à mostra era quase que uma obscenidade, do contrário da moda atual, que valoriza esta parte da mulher. Lembrava com muito carinho do ventre que gerara seus quatro filhos.
Os seios embalados em um sutiã com bojo de espuma que tomavam um contorno maior e que agora tocavam sua mão direita eram de uma beleza indescritível e cabiam perfeitamente em suas mãos, ao tocá-los flutuava.
Ele adorava passear com a esposa pela praça, pois atraiam olhares dos outros homens e essa era uma forma de exibir-se através dos seios da esposa, sentindo-se um privilegiado.
Seus cabelos ruivos e sedosos, agora eram cobertos com constantes camadas de tinta, mas ainda davam um contorno jovial. As bochechas levemente rosadas, separadas por um nariz empinado, porém perfeitamente harmonizado com os marcantes traços da boca e seus lábios com intenso vermelho, contrastavam com os profundos olhos azuis, formando o conjunto do rosto mais lindo que conhecera.
Enquanto ela enrolava os cabelos grisalhos do peito em seu indicador esquerdo, lembrava saudosamente daquele peito definido, esculpido pela constante prática de esportes, aquele rosto tipo George Clooney, que tanto a atraia, já não tinha mais aqueles traços marcantes e os poucos cabelos grisalhos substituíram os abundantes cabelos negros que antes tivera, contudo, o sorriso continuava o mesmo.
O passar dos anos a fizera perceber que a jovialidade daquele homem que tanto amava já não se parecia com o jovem esportista que conhecera a mais de 40 anos atrás.
Definitivamente pesara que esse não era mais aquele belo e jovem casal de anos atrás, porém o prazer em fazer amor ainda era o mesmo, é claro que a invenção daquele fantástico comprimido azul fora fundamental nas ocasiões, e o amor ainda se fazia presente como razão principal daquele agradável momento.
No espelho do teto se refletia o maior e mais puro amor, que já fora testemunha naquele discreto e aconchegante quarto de motel.

Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 08/01/2007
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