Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos
DesEducação na hora das compras.
 
Fazer compras no supermercado é uma tarefa que muitos evitam, eu também evitava, mas passei a gostar. Gosto de ver a diversidade e, especialmente a criatividade dos comerciantes e industriais em disponibilizar produtos cada vez mais atrativos e práticos para o nosso dia-a-dia.
Atualmente os supermercados mais parecem shoppings. Na maioria deles, podemos encontrar livros, ferramentas, flores, eletrodomésticos, vestuários e, inclusive, comida. Entretanto, em alguns ainda existem inúmeras situações inconvenientes que me incomodam. Entre as quais, é o fato de eu sempre encontrar alguém, seja de relacionamento próximo ou distante. Apenas encontrá-los não haveria problema se, inevitavelmente, todos, sem exceção, não olhassem insistentemente para o conteúdo do meu carrinho de compras. Alguns, só conseguem se concentrar na conversa, mesmo que breve, só depois de terem avaliado todas as minhas compras.
Outra situação que me aborrece bastante é ver as pessoas passarem pelas uvas e provarem alguns grãos de cada cacho. Isso me incomoda muito, porque adoro uva, e dificilmente se consegue escolher um bom cacho sem que alguém tenha furtado alguns grãos. Embora alguns supermercados colocarem uma bandeja com alguns cachos para prova, a amostra é ignorada pelos mal-educados por que preferem beliscar os cachos que estão a venda. Esse comportamento vai além da falta de educação, e merece uma análise mais profunda. Mas, só para continuar no assunto das frutas, outro fato que me incomoda são os eternos apalpadores, e porque não dizer amassadores. É claro que em alguns casos a única forma de avaliar a qualidade das frutas é apalpando-as, mas isso, no mínimo, deve ser feito de forma moderada, ao contrário daquilo que os amassadores fazem, que é um exercitar de músculos com as indefessas frutas, pois amassam tanto que a polpa vira um mingau.
Sem querer exagerar com as minhas intolerâncias, mas já exagerando, outro exemplo é a falta de percepção na hora de estacionar o carrinho entre as prateleiras ou atropelar o calcanhar do “vizinho” que está a sua frente. Além da total falta de educação e noção de espaço, é algo difícil de tolerar. Percebo que esse comportamento não é inabilidade em manobrar o carrinho, o que me parece é que as pessoas consideram o espaço de circulação exclusivo para elas. Repetem o comportamento dos motoristas que se julgam donos da rua. Contudo, fico me perguntando se isso chega a ser egoísmo ou apenas totaldesconsideração? Sinceramente, às vezes, parece ser as duas atitudes infames e algo mais.
Exageros à parte, eu considero o supermercado um excelente local para exercitar a tolerância. Aliás, é mais do que isso, ali podemos observar os mais diferentes comportamentos do ser humano. Tudo pode ser evidenciado fazendo compras, desde a educação, passado pela miséria e exageros do consumismo, pelos princípios e virtudes humanas, e principalmente, pela individualidade selvagem que nos move.
Não é exagero considerar selvageria algumas dessas atitudes, mas, para quem duvida, convido-os para observarem uma daquelas promoções relâmpago. Já vi elegantes e respeitáveis senhoras brigarem por um produto, cujo preço era alguns centavos mais barato, com certeza valor insignificante em seu orçamento. Evidentemente que a questão era mais que econômica ou de levar vantagem, de não perder a oportunidade, mas de querer sempre mais a qualquer preço. Então, onde fica o exercício da solidariedade, das boas maneiras e o comportamento fraterno? Dizem, que quando existe algo que nos incomoda no comportamento alheio é porque precisamos nos compreender melhor em relação a isso. Mas, sinceramente, no exemplo da verificação das compras, não acredito que seja somente curiosidade, mas também uma ponta de inveja. Em cada exemplo que citei, podemos observar egoísmo, individualidade e tantas outras mazelas humanas agindo no cotidiano da sociedade.
Sei que não tenho o direito de criticar e muito menos condenar alguém, afinal, comparar as compras pode ser apenas uma forma para conhecer as pessoas, como já diz o ditado “somos o que comemos”. Emitir opinião e principalmente criticar o comportamento alheio é fácil e geralmente nos remete ao erro de encobrirmos os próprios defeitos, chatices e imperfeições. Aprendemos e crescemos através da interação como os nossos semelhantes e no solitário trabalho de autoconhecimento, porém não podemos esquecer que somente alicerçados no amor e na caridade podemos desenvolver verdadeiramente a individualidade.
Seja no supermercado ou em qualquer outro lugar, precisamos adquirir o hábito de refletir sobre os fatos que ocorrem em nossa vida. Quando se fala em reflexão, normalmente agimos como sendo algo que os outros devem fazer para melhorar-se, para evidenciarem seus sentimentos e atitudes indevidas, porem, é o que cada um de nós deveria fazer frequentemente.
Espero que este meu relato possa levá-lo a autorreflexão e a descobertas capazes de acelerar o seu crescimento. Lembre-se que a reflexão é uma das capacidades que nos diferencia do outros seres vivos e, deixar de utilizá-la é não fazer uso da inteligência. Boa semana.
Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 30/08/2010
Alterado em 14/04/2013
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