Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos
Hora de Recomeçar.
 
Março se apresenta como o mês que marca o fim das férias e do verão, trazendo de volta a velha rotina de todos os anos anteriores. Muitos dos objetivos traçados no início do ano já foram esquecidos, aliás, as pesquisas apontam que 44% das pessoas, antes do final de fevereiro, já esqueceram seus sonhos e pedidos de ano novo. Diante disso, não é de se estranhar que muitos vivem frustrados e sem objetivos, vivendo apenas ao sabor dos ventos.
 Viver a vida sem preocupações é saudável, isso é inegável, porém é preciso ter consciência de que somos responsáveis pelas nossas escolhas e ações. Sem dedicar-se e trabalhar para conseguir realizar os objetivos é impossível que eles se concretizem, assim como trabalhar sem objetivos também é um sacrifício inútil. Por isso, é preciso aliar pensamento e esforço para realizar, só assim teremos energia e disposição para seguir em frente. Sem objetivos a vida fica monótona e, com o passar do tempo, vai murchando até secar.  
Ter coragem de lançar o barco ao mar e lutar contra as ondas e tempestades é a única maneira de aprender, é a única forma de atravessar o oceano que separa o desejo da realidade, o objetivo de sua concretização. Mas é preciso fazê-lo no presente porque o amanhã é ilusão e nunca chega. O que temos é sempre o presente. O passado pode ser uma referência, mas apenas como aprendizado e não como uma garantia de futuro. A garantia do futuro é nossa fé, coragem e determinação e, sobretudo, a certeza de que não seremos desamparados a exemplo dos pais que estão sempre dispostos a auxiliar os filhos, assim é a Providencia Divina.
Às vezes é preciso viver o inferno para conhecer o paraíso, mas mesmo passando por dificuldades temos que ter segurança, isto é, acreditar que chegaremos ao objetivo. Acreditar que o esforço vale à pena, que os desafios e as superações diárias fazem com que a vida aconteça com alegria. Alegria que vai se transformando em felicidade e realizações, espalhando bem-estar e motivação aos que nos cercam e necessitam de nosso exemplo para seguirem em frente. Isso engrandece a alma e é o que realmente importa, pois é tudo o que temos de verdadeiro, nosso, ao contrário das coisas materiais que são apenas passageiras.
 E por falar em alma, lembrei de uma fábula que circula pela internet, que fala sobre um rei e suas quatro esposas. Conta que o rei amava tanto sua quarta esposa que lhe comprava as melhores jóias e roupas. Amava também a terceira, pois adorava exibi-la pelos reinos vizinhos, embora temesse que um dia ela o deixasse por outro rei. A segunda era muito amada, pois tinha sempre a palavra certa para as ocasiões difíceis. A primeira esposa fazia de tudo para manter o rei e seu reino ricos e poderosos, porém ele não a amava. Um dia, quando a morte se aproximava o rei ficou com medo e chamou as esposas. Perguntou para a quarta esposa se ela morreria com ele, já que ele a amava tanto e havia passado a vida cobrindo-a de presentes e jóias. Ela simplesmente virou as costas dizendo que não faria isso de jeito nenhum. O rei repetiu a pergunta à terceira esposa que respondeu que a vida era muito boa para morrer e que quando ele se fosse ela casaria de novo. A segunda esposa respondeu que sentia muito, mas que desta vez não poderia ajudá-lo e que tudo que faria era enterrá-lo. A quarta que ouviu tudo, sem ser perguntada, respondeu que partiria com ele e iria para onde ele fosse. Então o rei percebeu que devia ter tratado melhor a primeira esposa enquanto ainda podia.
A fábula termina dizendo que a quarta esposa representa o nosso corpo, que por mais que nos esforcemos para mantê-lo bonito, na morte ele não nos acompanhará. A terceira são os nossos bens, nossas propriedades que vão para os outros. A segunda representa a família e os amigos, que apesar de nos amarem o máximo, o que podem fazer é nos enterrar. A primeira esposa representa nossa alma, que na busca da riqueza, do poder e dos prazeres do ego, acaba ficando de lado, mas é a única coisa que sempre irá conosco, não importa para onde formos. Portanto, enobreça, fortaleça e cultive sua alma agora. Este é o melhor presente que podemos dar ao mundo e a nós mesmos.
A melhor maneira de enobrecer a alma é fazer o bem, enfrentar os desafios e superar-se diariamente. Ingressar no caminho do bem sem medo de cair e ter força e coragem para levantar tantas vezes quanto for necessário. Abrir o coração para o amor, amando o próximo como a si mesmo, permitindo acesso igualitário a todos, incluindo a si mesmo, pois muitos dizem amar os outros, mas não amam a si mesmos, sequer estão no seu próprio coração.
Sonhos e objetivos a alcançar fazem parte dos aprendizados da vida, e devem ser perseguidos com coragem e determinação, sem medo de ser materialista ou individualista, porém não podemos esquecer que o que vale é a grandeza da alma, nossa inseparável companheira que se fortalece pelas nossas atitudes e capacidade de transformar a vida dos que nos cercam, que no final se resume em nossa capacidade de amar. Boa semana.
                                                        

Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 11/03/2010
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