Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos
Viva, aceite as mudanças e renove-se.
 
            Existem muitas coisas que são inevitáveis na vida, como um dia perfeito terminar, despedir-se de um amigo querido, iniciar um novo ano. Porém, esse conjunto de coisas inevitáveis que a principio parece desagradável oculta um lado muito mais agradável. Assim, uma despedida sempre deixa a oportunidade do reencontro e o aprendizado da convivência. O dia perfeito trás uma nova oportunidade e o desafio de torná-lo novamente perfeito no próximo amanhecer. Um ano novo, geralmente marca a renovação dos projetos de vida, o renascer da esperança, mas ao mesmo tempo torna-se um desafio que inevitavelmente precisa ser encarado.
            Essa alternância natural dos acontecimentos precisa ser encarada com flexibilidade e desapego. Ela aparece com freqüência em nossas vidas para nos lembrarmos que é preciso renovar-se, permitir-se novas experiências. Tenta nos dizer que é necessário mudar, que tudo o que precisamos é ter coragem e determinação, desapegar-se ao passado e viver o presente sem ansiedade, apenas aproveitar o agora e senti-lo plenamente.
            Nesses primeiros dias de 2010 é muito freqüente especialmente ao escrevermos datas, como na emissão de um cheque, por exemplo, escrevermos o ano 2009, fruto da distração e da automatização da nossa mente, o que confirma que não estamos presentes no agora, mas também mostra que o passado estará sempre em nós e que podemos acessar momentos bons ou aprendizados difíceis a qualquer momento. Contudo, é preciso “esquecer” o passado e dedicar-se a construir o futuro no momento presente, tampouco tentar viver um amanhã imaginário.
            A realidade é uma permanente mudança que precisa ser aproveitada para ser feliz. O passado nos dá o alicerce para, agora, construirmos nossos sonhos, pois ao trabalharmos em nossos sonhos somos mais felizes. E, como o futuro não pode ser vivido só nos resta utilizar o coração aliado aos sonhos, a fé e a esperança, para que as ações do presente não comprometam a felicidade de amanhã.
            Quando as dificuldades aparecem, a única opção é enfrentá-las com confiança e realismo, conscientes de que este é o momento certo para superá-las. Não podemos viver tentando adiar o que precisa ser enfrentado para não postergar a felicidade e fortalecer a infelicidade. Esperar que o ano novo resolva os problemas que foram adiados no ano passado é apenas uma ilusão que vai acumulando sofrimento.
            Postergar a solução de um problema ou a ação para realizar um sonho é deixar de viver, abandonar a esperança de ser mais feliz, crescer e tornar-se uma pessoa melhor. Quem age assim, esta abrindo a porta para depressão, para o medo, a infelicidade e, em última análise, esta deixando de viver. O interessante é que, ao nos depararmos com algo inevitável, geralmente, já sabemos qual será o desfecho, mas, mesmo assim, insistimos em negar os fatos, consequentemente acrescentamos ainda mais dor e sofrimento em nossas próprias vidas. Não se trata somente de percepção, especialmente quando existe forte envolvimento emocional, mas de encarar a realidade, de ver a necessidade da ação no presente para evitar o sofrimento. È preferível uma forte dor momentânea que uma dor constante, mas para enfrentar essa dor é preciso acreditar que o mundo não vai acabar em função daquela situação, pelo contrário, será a manutenção do estágio atual que impede de descobrir as maravilhas do mundo atual e dificulta o acesso a novas realidades.
            Ao falar em mudanças, em enfrentar velhas pendências, sempre nos deparamos com as desculpas, que na verdade são autodesculpas para não agirmos. São desculpas consistentes, fundamentadas em sentimentos de dor e compaixão, construídas com tanta convicção que a pessoa nem percebe que esta superdimensionando a situação. Uma das coisas que mais me incomoda é essa questão de postergar a solução. Seja o que for, é preciso agir e agir não é apenas, debater, planejar é fundamentalmente fazer. Não existe coerência em programar um ano novo melhor, sonhar com realizações pessoais e não fazer acontecer. Assumir a responsabilidade pela própria vida é transformar a realidade com coragem e confiança, abandonando o que precisa ser abandonado, encarando as dores de frente, antes que se tornem crônicas.
            Comecei falando de coisas inevitáveis e, agora, ao concluir esse texto, percebi que mais uma vez excursionei por um campo de conselhos e percepções pessoais que constantemente abordo neste espaço, mas julgo adequado para um inicio de ano. Aproveito para agradecer os e-mails recebidos e para dizer que fico feliz em saber que meus textos lhe trouxeram conforto ao espírito, pois isto é o mais importante, faz com que meu animo se renove. Boa semana.
 
Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 14/01/2010
Alterado em 05/01/2015
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