Dor e Reflexão.
Há duas semanas por causa de um problema grave na coluna cervical, meus movimentos foram limitados pela intensa dor, pelos frequentes mal-estares e desmaios. Um desgaste ou degeneração nas regiões da cervical é o principal diagnóstico, porém as consequências seguem sob investigação com exames, ressonâncias, raios X, tomografias. Estou impossibilitado de quase tudo, privado das minhas atividades diárias, das coisas que me dão prazer, como escrever este texto que eu espero conseguir finalizar.
Quem me acompanha sabe que eu acredito que tem coisas em nossa vida que não acontecem por acaso, que têm o seu porquê. Uma crença que me faz tentar identificar o que tenho que aprender com o problema de saúde que hoje estou passando. Ainda não tenho uma resposta, mas, sei que virá no devido tempo e será um aprendizado que precisou da dor para ser assimilado. Também sei que ficar me queixando da situação não vai me ajudar, por isso procuro me esforçar no que for possível, com esperança de melhorar o mais rápido possível.
Não acredito que Deus esteja zangado comigo, talvez decepcionado ou um pouco frustrado, mas com o seu misericordioso perdão certamente saberá me compreender em eventual falta. Não costumo ser um cara revoltado com a vida e me considero uma pessoa normal, mas sei que eventualmente todos cometemos equívocos, todos temos deslizes, tendências más e que o medo está presente em nossas vidas, mas certamente Deus não esta irremediavelmente zangado com suas criaturas. No entanto, algo me diz que não cometi nenhum pecado, embora ajustes de rota precisem ser feitos, seja em relação ao trabalho, ou a comportamentos e atitudes diante da vida, bem como alguns outros aspectos que possivelmente necessitam de adequações. Enfim, busco compreender o que preciso acertar para superar esta fase difícil e delicada da minha vida, porém a enfrento sem medo, pois o medo é a fonte de todos os pecados.
Todos os nossos problemas refletem algum medo, seja consciente ou inconscientemente, até mesmo Eva antes de ser desobediente, orgulhosa e rebelde teve medo, medo de que Deus estivesse privando-a de alguma coisa. Embora feliz no paraíso ela teve medo de que não estivesse tendo tudo o que merecia, que estivesse perdendo alguma coisa. E é por essa razão que eu digo que o medo é um fator fundamental para nos empurrar para a infelicidade que geralmente começa acanhado, mas depois vira uma obsessão difícil de se remover.
Sendo o medo um propulsor para as nossas atitudes inadequadas, nossas ações indevidas, nossos erros, enfim nossos pecados, temos que ser vigilantes e tentar identificá-lo logo na origem para evitarmos o efeito, o pecado. Então, se o medo nos leva ao erro, não podemos permanecer nele e muito menos se lamentar para o resto da vida por algo que cometemos de errado. É preciso acreditar no perdão, no autoperdão ou se preferirem, no perdão divino. Contudo, uma vez perdoado esqueça e siga em frente, mas lembre-se, não há nada que Deus não possa perdoar. Ele nos dedica um amor perfeito e deseja a nossa felicidade constantemente, sem precisarmos perder tempo nos autopunindo. Nunca li em lugar algum que Deus colocou um limite ao perdão, que a graça de Deus tem um limite, que o nosso crédito com Ele tem uma conta devedora. Pensar que Deus, o universo, o infinito ou o criador seja como for que queiram chamá-lo, tem uma conta com limite para nossos saques é entregar-se ao desespero, ou como dizia a minha avó, é entregar-se ao diabo. Acreditar que estamos condenados à infelicidade, que somos amaldiçoados e que o céu, se existe, está fechado para nós é desistir de viver é abraçar-se ao diabo.
Faço este relato em resposta a alguns leitores dos meus textos que dizem que é fácil escrever e dizer certas coisas porque eu nunca passei por problemas de saúde, familiares, amorosos como aqueles que estão passando ou já passaram em suas vidas. Pois, asseguro lhes que o problema que hoje estou enfrentando é pequeno diante daqueles que já enfrentei ou ainda enfrentarei como qualquer outra criatura humana está sujeito nesta vida, mas que assim mesmo continuo acreditando que devemos ter fé e coragem para enfrentá-los, pois sairemos vencedores e fortalecidos.
A vida esta sujeita a momentos difíceis, mas que precisam ser encarados sem medo, porém, se eles aparecerem, tente usar algumas das minhas estratégias que estou colocando em prática neste momento, seja para enfrentar o medo, à ansiedade ou para encontrar a correta direção da vida: reze com frequência, desacelere e conte até dez antes de agir por impulso; enumere as preocupações classificando-as por categorias e prioridades; afaste as preocupações no momento que elas chegam agindo como se fossem mosquitos, esbofeteando-as sempre que chegarem perto, aliás, essa é fácil de lembrar, principalmente nesta época que começam a aparecer os borrachudos. Enfim, procure concentrar-se no presente e, se necessário, conte com a ajuda e o apoio dos entes queridos e por fim, já que o espaço não me permite mais, acredite que com Deus você é suficiente para ultrapassar qualquer obstáculo. Boa semana.
Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 18/12/2009