Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos

Dores do corpo e da alma.
 
Quando se fala em dor, a primeira coisa que lembramos é daquela sensação desagradável associada a um estado alterado do organismo, de algum sofrimento físico, como também pode ser uma dor moral, de uma compaixão ou mesmo de um remorso. Seja qual for a dor, entre muitas dores, físicas e psicológicas o sofrimento e a intensidade da dor são únicos em cada individuo. Isso parece um tanto óbvio, mas ainda é pouco compreendido por muitas pessoas, pois se compreendessem não ignoravam tanto o sofrimento que causam uns aos outros. Isso inclui do mais notável e poderoso até o mais insignificante e miserável cidadão, pois todos possuem o poder de aliviar a dor de alguém.
A forma de fazê-lo depende da capacidade que temos de nos colocar no lugar do outro, de compreender a realidade do outro e, sobretudo da nossa própria sensibilidade. Às vezes alguns trocados podem aliviar a dor da fome, ou uma palavra pode aliviar um sofrimento psicológico, o importante é perceber esse estado e procurar amenizá-lo. Atitudes deste tipo são louváveis e devem ser praticadas constantemente, porém mais importante que aliviar é não causar dor nos outros. Não causar dor é uma tarefa difícil e muitas vezes impossível, mas que precisa ser observada, pois a dor por ser pessoal pode causar males irreparáveis, como traumas ou mesmo desencadear transtornos para toda a vida. Não provocar sofrimento ao outro vai além de ser um bom cidadão, é crescermos como ser humano e creditarmos pontos à própria felicidade.
 A dor trás muitos aprendizados seja física, como não colocar a mão no fogo ou psicológica por um remorso ou uma mágoa. Entretanto, existe outra opção para aprendermos, que é o amor. Este, além de ser muito mais eficiente, é indolor, no entanto, a escolha é individual, cada um tem a liberdade de optar. Mas, se escolhermos o caminho do sofrimento, não temos o direito de choramingar, muito menos atribuir aos outros a responsabilidade pela nossa infelicidade. Muitas vezes a dor parece inexplicável, basta aprofundarmos a análise e avaliarmos aspectos mais amplos para perceber que, apesar de desnecessária é apenas uma conseqüência originada por algo que fizemos ou deixamos de fazer.
Uma das perguntas que sempre surgem quando se fala em dor é sobre qual é a pior, se a dor do parto, a dor de dente, a dor da morte e a dor de amor. Dentre os casais, as discussões se dividem entre a dor do parto, mais defendida pelas mulheres e as dores de uma “bolada certeira” durante o jogo de futebol, argumento de contraponto masculino. Contudo, a dor do amor é a que consegue aproximar os pensamentos. Quando se trata de dor de amor quase não há divergência, talvez pelo fato de ser uma dor que ataca indiscriminadamente todos os tipos de pessoas, quem nunca se apaixonou, por exemplo, enquanto que as outras dores são menos generalizadas e tem maior prevalência em determinadas características ou comportamentos.
Na dor de amor, a questão de não provocar a dor no outro se torna ainda mais difícil, uma vez que podemos ser a dor do outro. Um exemplo é uma paixão não correspondida, na qual, quem não ama na mesma intensidade que o outro, ignora ou por uma outra razão qualquer não sente o mesmo amor, torna-se a fonte de sofrimento do apaixonado. Neste caso, o simples fato de existir, de ser, torna-se a razão do sofrimento alheio. Essa é uma questão no mínimo complexa e parece insolúvel, mas certamente encontra uma solução na presença do respeito, do autoconhecimento e, sobretudo do real sentimento do amor incondicional. Especialistas das áreas humanas possivelmente já tenham ou encontrem uma explicação, um caminho para essa questão, eu desconheço a solução, mas acredito que uma boa alternativa é começar respeitando o amor que nos é atribuído, pois mesmo que involuntariamente somos a causa da dor de outrem. De qualquer forma, não devemos esquecer que temos a responsabilidade de ajudar a superá-la, da mesma forma que o outro precisa respeitar e perceber que o seu desejo, sua paixão, sua necessidade não pode ser a causa do sofrimento de outros.
Estabelecer um ranking da dor é algo individual, o que não permite garantir que a dor de amor compõe o topo, mas parece inegável afirmar que esteja à frente da dor de dente, do câncer e da enxaqueca. Contudo, a dor mais importante é a que estamos sentindo, pois é a nossa dor, e embora tenhamos o dever de nos preocupar em evitar a dor alheia, não conseguiremos fazê-lo adequadamente com dor.
Precisamos aprender a evitar as próprias dores, e sempre que necessário tomar o remédio que cura, geralmente amargo, mas que logo alivia a dor. Saber driblar as próprias dores, seja a física ou a da alma, é fundamental para ser feliz. E lembre-se se a dor ensina, o amor é mais eficiente. Mas se a dor bater a sua porta, que lhe seja leve e passageira. Boa semana.

Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 03/12/2009
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