Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Aprenda a pedir Socorro.
 
             Às vezes uma simples conversa pode tomar rumos inesperados e chegar a uma discussão, diversão ou mesmo numa informação. E foi assim que há alguns dias, conversando com um amigo, diante de uma porta de supermercado, que aprendi um pouco sobre o código Morse. Todavia, a principal lição não foi ter aprendido que três pontos, três traços e novamente três pontos significam SOS, um dos sinais mais usados e enviados em situações de emergência e certamente o mais famoso, mas sim conhecer os significados que popularmente lhe são atribuídos, entre eles, o Save Our Ship (salve nosso navio) e Save Our Souls (salve nossas almas). Quem me conhece, obviamente sabe que fiquei pensando sobre o último, pela simples razão de me fazer lembrar da eternidade, espiritualidade, algo que considero sempre muito misterioso, intrigante e fascinante, pra dizer o mínimo.
No entanto, com o avanço das comunicações este código caiu em desuso e os pedidos de socorro passaram a ser feitos com mais rapidez utilizando uma parafernália de equipamentos sofisticados que vão da telefonia móvel, rádio, internet e satélites. Contudo, por mais sofisticada que seja essa tecnologia, alguns desses sinais de socorro não são captados, especialmente os que se referem a emergências intimas e ficam sem atendimento. Falo de um tipo de pedido de socorro, um SOS que muitas vezes é mais um apelo para conseguir levar a vida e superar um obstáculo do que um risco de morte, mas que precisa ser igualmente considerado, pois no final pode evitar um acidente grave. Para isso, e na maior parte das vezes, tudo o que precisamos fazer é dedicar um pouco de atenção, uma palavra de carinho e estímulo para que a pessoa recupere as forças e siga sua jornada.
Embora os pedidos nem sempre sejam atendidos, pela incapacidade de entendê-los ou pela indisposição de atendê-los, acolher esse tipo de solicitação pode ser tão importante quanto salvar alguém naufragando em alto mar. Se por um lado temos dificuldade de estender a mão a quem pede, seja por medo da violência ou impossibilidade qualquer, do outro lado temos muitos necessitados incapazes de expressar um pedido de ajuda. São pedidos que não se manifestam por medo de demonstrar fraqueza, insegurança e outros sentimentos que consideramos negativos e, portanto, tememos dificuldade de expressar.
Apesar deste temor em expressar uma necessidade, os pedidos de socorro acabam sendo feitos, só que de forma mais sutil, mais discreta, exigindo maior sensibilidade e melhor percepção para captá-los. Esse tipo de atitude é muito frequente e é utilizada principalmente por pessoas mais próximas, uma vez que, inconscientemente, nos consideram conhecedoras de seus problemas e acham desnecessários expressá-los. Mas, quando não conseguimos perceber essa necessidade, acabamos ferindo gravemente a outra pessoa, fazendo com que ela se sinta abandonada, rejeitada, insignificante e desenvolva uma infinidade de pensamentos equivocados que a levam a seguir um caminho infeliz.
Na ausência de um claro pedido de socorro, devemos ter muito cuidado para não tornar a situação ainda mais grave, o que requer mais que sensibilidade e habilidade para identificar a necessidade do outro, exige dedicação, carinho e amor. Talvez seja por isso que muitos relacionamentos sofrem constantes atritos, pois quem precisa de apoio pensa tê-lo solicitado, mas quem deveria prestá-lo não o fez por falta de percepção em identificar o sinal.
Portanto, nós temos a obrigação de prestar atenção e interpretar esses pedidos de socorro imediatamente, bem como ajudar com a maior brevidade possível. Neste sentido, lembro que lá na comunidade onde cresci, quando alguém adoecia e não conseguia cuidar de todos os afazeres da plantação, imediatamente toda a comunidade se unia para ajudar, algo perfeitamente natural, de modo que o doente não precisava pedir, ou seja, a percepção daquelas pessoas era tão afinada que logo agiam.
Essa capacidade de se colocar no lugar do outro e perceber suas necessidades, atualmente, é algo raro, mas que precisa ser resgatado com urgência, mesmo que os pedidos de socorro sejam cifrados ou mal expressados. Se desenvolvermos a empatia, poderemos identificar os SOS alheios com facilidade e, conseqüentemente perceberemos que aquela pessoa que julgávamos chata, reclamona, e que tudo fazíamos para evitá-la estava apenas emitindo um sinal de socorro, pois sozinha não conseguia perceber a alegria de viver.
Aceitar ajuda e ajudar é importante para crescermos, pois nos oportuniza conhecer que a alegria em ajudar é a mesma de ser ajudado, porque este é o circulo da vida. Saber identificar, ter coragem de solicitar e principalmente de atender um SOS é o que nos faz melhores. Quanto à forma de comunicação, ela pode ser através do velho código Morse, um telefonema ou por meio de um grito da janela, o importante é ser claro e pedir ajuda sempre que for preciso, mas jamais se privar da alegria de poder ajudar. Fique atento, existem muitos pedidos de socorro sendo emitidos. Aproveite a oportunidade para exercitar, praticar. Descubra essa alegria. Boa semana
Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 22/11/2009
Alterado em 10/10/2013
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