Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Falsos Monstros.

Foi numa noite em que o sono me abandonou e nenhum livro conseguia me prender a atenção que resolvi socorrer-me à TV, que também não havia nada de bom pra ser visto, mas, mesmo assim parei num canal que exibia o desenho animado do scooby-doo.
Logo que inicia a trilha de abertura já se sabe como termina, uma vez que o final é sempre o mesmo, ou seja, o temível monstro que assombra o vilarejo ou a pacata família, na realidade não existe. Essa é uma fórmula que funciona muito bem para tornar o desenho do scooby um sucesso no mundo todo, já que o ser humano tem os mesmos impulsos e reações naturais em qualquer parte do planeta. Exemplo semelhante no mundo da televisão são as nossas novelas que, apesar de seguirem sempre o mesmo formato, conseguem prender a atenção de milhões de telespectadores brasileiros e de vários outros países.
Mas, nessa noite, ter assistido alguns episódios daquele cachorro atrapalhado e sua turma, foi muito relaxante e ao mesmo tempo instrutivo. O desenho me fez refletir sobre os intermináveis monstros que habitam o ser humano, sejam monstros verdadeiramente monstruosos, como os que são capazes de matar outro ser humano por um simples par de tênis, e muitos outros desta terrível espécie, ou os falsos monstros que ele mesmo (o humano) cria. São monstros inofensivos, mas tão temíveis como se fossem verdadeiros e fatais. A dificuldade em perceber esses falsos, ou melhor, inofensivos, já que para quem os possui, os cria e alimenta, causam tantos danos e temor, é como se realmente existissem. Esse medo relacionado aos monstros se inicia muito cedo em nossa vida e vai se modificando aos poucos. Assim, logo que crescemos um pouco, descobrimos que o temível bicho papão não existe, ficamos felizes e ousamos mais, a ponto de nos atrevermos a desobedecer às regras impostas pelos pais. Pois a ameaça maior passa a ser os pais, que são conhecidos e não o “imaginário” bichão papão, ou seja, quando se desmarcara o mostro se perde o medo e nos tornamos mais ousados. O mesmo acorre com o encanto do Papai Noel ou coelhinho da Páscoa que ganham outro significado quando nos tornamos conscientes da realidade.
Basta um pouco de reflexão para perceber que, seja na infância ou recentemente, podemosidentificar que vários daqueles falsos monstros que nos atormentavam, repentinamente deixaram de ter qualquer influencia em nossas vidas e, como num passe de mágica, deixaram sua monstruosidade de lado e se tornaram “inofensivos brinquedos de pelúcias”. No entanto, no momento presente ainda criamos, constantemente, novos monstros e alimentamos os velhos conhecidos. Os tememos tanto, que somos incapazes de nos rebelarmos, chegando ao extremo de confundi-los como guardiões de nossa prudência, segurança e conquistas. Alguns nos apavoram tanto que não temos coragem sequer de admitir sua existência, porém se quisermos nos transformar em pessoas melhores precisamos primeiramente identificá-los, estudá-los e gradativamente eliminá-los, mas acima de tudo deixar de produzi-los.
 Esses monstros que existem somente em nossas cabeças, representam o atraso e a própria ignorância no autoconhecimento.O efeito devastador que causam repercute na qualidade de vida, especialmente nos níveis de felicidade, uma vez que a felicidade habita um delicado jardim, no qual só há espaço para a suavidade das flores, a leveza dos pássaros e os sons primaveris, destoando completamente da brutalidade e agressividade destas criaturas devastadoras.
Somos capazes de criar monstros de várias espécies, divididas em famílias que vão da rejeição, preconceito, vaidade a motivação, auto-estima, vaidade. Esses monstros são inaceitáveis e devem ser combatidos constantemente e, a melhor forma que conheço para impedir que se proliferem em nossa mente é vigiar o pensamento constantemente. Identificar quais são os falsos monstros que nos impedem de avançar em nossa jornada evolutiva é fundamental para viver melhor. Se formos capazes de nos livrar das terríveis ameaças e medos que nos impomos, aumentaremos os níveis de bem estar e felicidade.
Uma vez livres desses temores seremos capazes de realizar verdadeiros milagres e superar qualquer obstáculo com confiança, naturalidade e conseqüentemente levarmos uma vida mais tranqüila e agradável. Os falsos monstros que criamos são muitos e tomam diferentes formas conforme a ocasião ou momento pessoal que estamos vivendo, portanto não podemos nos achar no direito de julgar tamanho e ferocidade dos monstros alheios, mas tampouco maximizar os nossos, pois, como nos episódios do Scooby Doo, no final não há monstro nenhum, exceto aqueles que criamos em nossa cabeça. Boa Semana.
Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 15/11/2009
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