Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
Capa Textos E-books Fotos Perfil Livros à Venda Contato Links
Textos
Propósito de vida.
 
Uma das coisas boas do feriado é poder ver os amigos, reunir a família e matar a saudade que às vezes parece nos sufocar. No meu caso, reunir a família é viajar uns duzentos quilômetros até a casa dos meus pais, já que eles sempre têm “uma plantação para cuidar” e “animais para tratar”. Faço manha por eles me visitarem pouco, mas ao mesmo tempo tenho um imenso prazer em reencontrá-los, matar a saudade, respirar o ar do mato, descansar do caos do trânsito, enfim, da rotina agitada da capital.
O interior me faz recordar das coisas boas que vivi na época em que eu plantava milho, tomate, hortaliças. Foi num tempo em que eu precisava trabalhar na terra como todos os jovens de qualquer região do interior, aliás, muitos dos meus amigos e familiares ainda o fazem. No meu caso, “o destino” me impulsionou para seguir novos rumos, não apenas pela dificuldade e sacrifício que as atividades do interior exigem. A propósito, hoje eu sei que outras atividades, nas quais se “trabalha sentado e na sombra” nos consomem energia tanto quanto à do trabalho braçal de sol a sol. Enfim, a inquietude proveniente do meu intimo parecia inexplicável, era uma insatisfação constante, uma sensação de inadequação muito sutil que hoje, sei que foi algo ligado ao meu propósito de vida.
Esses tempos difíceis foram fundamentais não só para garantir a sobrevivência, mas para me ajudar a formar o alicerce moral, aliás, essa é uma das razões para atravessarmos tempos difíceis na vida, seja por questões de trabalho ou existenciais. Afinal, são as questões existências que nos empurram, seja para qual lado for. É a insatisfação interior que determina o tamanho da ação que iremos tomar e, em ultima análise, que caminho vamos dar a própria vida.
 A prosperidade, que é algo que vai além do que costumamos chamar de sucesso financeiro ou completo fracasso, são diretamente ligados ao propósito interior. Na verdade, há dois propósitos em nossa vida: um interior e outro exterior. O interior é o que dá o genuíno significado da vida, é o que diz respeito ao ser e não pode ser encontrado no exterior, ou seja, nas coisas que dizem respeito ao fazer. O significado exterior é o que fazemos e, portanto, não é o mais importante, pois nem sempre reflete o que realmente somos. Não há nada mais prazeroso que descobrir o propósito interior, pois é o que dá sentido completo a vida, entretanto, os dois são interligados de modo que um reflete o outro. Não se pode tratar de um sem mencionar o outro; não dá para medir o grau de satisfação com a vida sem considerar os dois, uma vez que existem pessoas que vivem em constante atividade e outras morrendo de tédio, mas ambas infelizes. Da mesma forma, existem as extremamente limitadas ao trabalho e as condições financeiras, mas felizes. Tudo está interligado pelo propósito de vida de cada um, embora o interno reflita no externo e, por isso, os dois devem estar alinhados.
O propósito interior precisa ser acessado, desperto, pois faz parte do projeto coletivo de todo o planeta; ele é imutável enquanto o exterior pode variar no decorrer do tempo e ser totalmente diferente para cada pessoa. Talvez tenha sido isso que me empurrou para a cidade, enquanto outros foram submetidos pela própria vida às mesmas condições e permaneceram trabalhando a terra, felizes, sem sentir qualquer manifestação de descontentamento ou outro desejo qualquer. Afinal, a satisfação pessoal é à base do verdadeiro sucesso, e esse advêm da descoberta do propósito interior, que por sua vez é obtido pelo despertar da consciência do que realmente somos.
Encontrar o propósito interior e viver alinhado com ele é o segredo para a satisfação exterior, o sucesso e a prosperidade. A verdadeira razão de viver é tornar-se um ser melhor e contribuir para a melhoria de qualquer forma de vida, do todo, porém, para que isso possa se tornar realidade é necessário despertar e desenvolver a consciência do nosso papel, alinhar os propósitos e trabalhar para torná-los realidade. É necessário ingressar neste estágio de consciência para não direcionarmos nossa vida somente ao trabalho, a condição financeira, ou a cuidar da família, tampouco só voltar-se à oração, o espiritualismo e a crença.
Assim, como não podemos deixar os animais sem os cuidados necessários, também não podemos viver sufocados pela saudade e desejo de visitar os amigos e familiares. Por outro lado, o inverso é ainda mais devastador, pois satisfazer todos os nossos desejos ou matar todas as saudades, talvez não seja somente algo impossível, mas também muito prejudicial ao nosso crescimento. Portanto, não me atrevo a criticar a vida caseira que algumas pessoas adotam, como a dos meus familiares que pouco me visitam, uma vez que estes parecem ter alinhado seus propósitos, ou talvez nem tenham despertado para essa necessidade. Contudo, meu dever é assegurar-me do meu verdadeiro propósito e buscar a concretização do mesmo, pois é descobrindo a verdadeira razão de ser de cada um, que construiremos uma nova terra. Boa semana.
Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 08/11/2009
Comentários
Capa Textos E-books Fotos Perfil Livros à Venda Contato Links