Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos
É Tempo de Primavera.
 
A alternância das estações está cada vez mais imperceptível devido às alterações climáticas, efeito da ação do homem no equilíbrio do planeta. Nós, moradores do sul do país, acostumados com estações bem definidas, podemos perceber com maior facilidade essa mistura de estações com as frentes frias inesperadas, dias de calor intenso e até geadas fora de época. Este é um fato que deve permanecer e até piorar, pois as agressões ao meio ambiente continuam e isso é apenas um dos reflexos. Contudo, já é possível observar que a primavera se aproxima: na alegria das flores, árvores brotando, os ipês florescendo com suas cores vermelho, violeta e amarelo e são os mais exibidos, desapontando sempre como os primeiros a encher o chão com seus tapetes de flores, competindo é claro, com uma imensa quantidade de árvores ornamentais e frutíferas, típicas de cada região.
Essa época de renovação, com o intenso brotar das árvores que antecipa a primavera, me faz lembrar da minha avó, Maria. Tenho claras lembranças dos seus conselhos e ditados, embora tenha nos deixado há mais de dez anos. Neste período, ela costumava dizer que essa era época dos velhos morrerem, pois a renovação das árvores e o intenso fluxo das seivas que fazia a flora renovar-se, interferiam no metabolismo humano e a afetavam. Essas falas se repetiram por tantos anos, que um belo dia o Alto atendeu o seu pedido e ela se foi num belo dia de primavera. Eu, sinceramente, desconheço qualquer comprovação científica quanto a isso, mas tenho absoluta certeza do seu medo de enfrentar a morte, e foi desse temor, dela, que encontrei a melhor explicação para o comentário que ela repetia em cada primavera.
Como já é sabido, o medo é um veneno terrível que nos mata aos poucos e se apresenta de várias formas, como: perder o emprego; colher uma safra ruim; ser assaltado; sofrer um acidente, ou qualquer outro dos infinitos e típicos medos da maioria dos cidadãos deste país. O medo, além de ser enorme e mal encarado, não tolera a companhia da felicidade e uma vez instalado no coração, não permite a vida florescer, faz com que a vida seja vivida pela metade. O melhor antídoto disponível é a fé, porém, precisa ser ingerida, renovada diariamente e o melhor a fazer é rezar, mas rezar sem medo, rezar acreditando, agradecendo a vida de forma sincera e verdadeira, independente de credo. Tenho dificuldades em recomendar a oração, embora seja extremamente necessária, pelo fato de muitas vezes se tornar um fanatismo que paralisa as pessoas causando efeito contrário na busca da felicidade.
O medo nos aprisiona e nos empurra para o lado oposto da felicidade, ele se disfarça de cautela, perfeição, prudência e tantas outras formas de postergação. Obviamente que não devemos ser impudentes e precipitados, mas precisamos perceber quando a insegurança e a postergação são fruto do medo, pois este é muito sorrateiro e se utiliza destes argumentos para fortificar-se e instalar-se tão fortemente no nosso intimo, como se fosse parte da personalidade. Imaginem a leveza da vida, livre do medo de fracassar, pois é assim que fomos feitos, ou seja, destinados ao sucesso, no entanto, gradativamente deixamos o medo nos dominar, seja através da insegurança, da dúvida ou da ausência da fé. Para os medrosos que discordam do que estou dizendo, não vou tentar persuadi-los, apenas esclarecer que nem todo o medo é maléfico, pois certamente em várias ocasiões é um excelente aliado para nos manter vivo, aliás, este é o medo natural que faz parte do instinto humano necessário à sobrevivência e que permite a sobrevivência humana. Então, nada de exageros, não se escondam atrás do medo para justificarem suas frustrações. Abandonar o medo e experimentar a vida, confiantes e sem temer é possível viver com mais alegria, saúde e prosperidade.
Viver amedrontado é uma tempestade na primavera da vida, portanto, lembre-se que nem todas as tempestades se formam de repente, geralmente é possível ver a formação das nuvens e os trovões antes da chuva cair. O medo a ser combatido é esse que vai se formando pelo atrofiamento de potencialidades, começando pela autoconfiança e fé. Alem disso, ele alimenta a tristeza e faz com que abandonemos sonhos e projetos importantes para o nosso crescimento e o desenvolvimento da sociedade e muitas vezes, inclusive, coloca em dúvida a bondade de Deus.
A busca de alívio, nos vícios, é uma das formas mais comuns de tentar fugir do medo, que o transforma no principal fator a nos fazer perder o controle dos próprios rumos. Quantos já não ingressaram no caminho das drogas, enquanto pensavam estar fugindo do medo?
Apesar de a minha avó temer a chegada da primavera e por associá-la equivocadamente ao medo da própria morte, a primavera não combina com o medo, ela é a demonstração Divina da renovação, na mudança e da alegria de viver. È uma clara demonstração de que podemos nos renovar, nos transformar e principalmente acreditar que podemos fazer a diferença, mesmo que no decorrer da jornada o sol escaldante do verão, queime algum sonho. Sempre podemos dar alguns frutos no outono e aproveitar o inverno para reavaliar e fortalecer nosso íntimo para continuarmos a caminha evolutiva. Boa semana.



Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 10/09/2009
Alterado em 23/09/2009
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