Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos
Desarmonia. 
 
Uma das recordações mais vivas que trago da infância é o som de uma música, cuja letra eu desconheço, mas a melodia ainda embala minhas lembranças. É como se ouvisse a pequena orquestra tocar ao vivo no instante que penso nela. Os sons dos acordes perfeitamente modulados têm o poder de sensibilizar e registrar aquela melodia na mente, até mesmo nos mais brutos dos ouvidos, inclusive nos meus. Porém, não posso deixar de considerar que a música fazia minha alma de criança, ainda livre das preocupações da vida adulta, sintonizar harmoniosamente a alegria de viver.
Sempre que falamos em harmonia vem à mente o clássico exemplo de uma orquestra tocando uma linda canção, fazendo um show espetacular, aliás, vocês já repararam no esforço necessário para se produzir um espetáculo desses? Pois percebam que existe o envolvimento de vários profissionais, que vão desde os construtores do palco, iluminadores, técnicos de som, luz e tantas outras atividades necessárias para produzir satisfatoriamente uma única música. Na verdade, poucos percebem o trabalho destes profissionais, pois na hora do espetáculo o que aparece é o maestro e os acordes afinados dos músicos, enquanto todo aquele trabalho do pessoal dos bastidores, essencial para o espetáculo fica, na maioria das vezes, esquecido. Gosto de orquestras, pois talvez esse seja o melhor exemplo para representar o “trabalho em equipe” e refletir sobre nossa vaidade.
No entanto, o que realmente me chama atenção em uma orquestra vai além do exemplo de trabalho em equipe, alcança a questão da harmonia e do equilíbrio pessoal. Como se sabe o que faz o sucesso de uma orquestra e dá prazer ao ouvir uma boa música é a harmonia dos seus arranjos, a forma como cada acorde é executado, que resulta num agradável prazer. É como se de repente nossa vida voltasse a trafegar pelos trilhos certos sem qualquer atrito ou resistência, simplesmente deslizando pelo caminho da vida, prazerosamente.
A vida é assim também, ou seja, somos o maestro do próprio bem estar, pois se conseguirmos arranjar os vários aspectos da vida, como se fossem diferentes instrumentos musicais, certamente teríamos uma vida mais tranquila e equilibrada. O problema, porém, é que quando um determinado assunto vai mal, nos deixamos abalar a ponto de contaminar todos os demais aspectos. Nesse caso, é essencial dedicarmos atenção ao problema, sem deixar os outros instrumentos desafinarem, pois uma vez afinado aquele aspecto desarmônico, o show pode continuar sem dificuldade, mas, se nos desconcentrarmos e deixarmos uma área em desarmonia contaminar as demais, à vida vira uma grande bagunça e o equilíbrio será muito mais difícil de ser restabelecido.
Algo assim ocorre quando o cérebro entra em intensa atividade intelectual, ignorando certas atividades como: exercícios físicos, diversão, boa alimentação e, quando percebemos, somos surpreendidos por uma doença ou um estresse elevado, fruto de uma desarmonia entre corpo e mente. A atenção com as nossas atitudes cotidianas é essencial para evitar a desarmonia que tanto atrapalha a vida, portanto, é preciso estar atento aos impulsos, desejos e vícios que, com o tempo vão se instalando em nosso interior. Essas ervas daninhas precisam ser combatidas insistentemente para que não infestem a lavoura e inviabilizem a produção de frutos.
Fazer da vida uma grande produção, um espetáculo grandioso é uma tarefa individual, não importa o gosto musical ou a quantidade de expectadores, o que realmente conta é a qualidade, a harmonia dos acordes, já que somos o próprio maestro com a responsabilidade de impor um ritmo que nos deixe em perfeito equilíbrio com a nossa frequência musical, nosso caminho evolutivo. Todos possuem uma frequência perfeita com o desejo divino, com a vida plena, no entanto, é necessário sabermos sintonizá-lo e permanecer nele, ajustando-nos quando necessário. Trata-se de algo ligado à mente, assim como a frequência de uma determinada estação de rádio onde toca uma música agradável, mas que às vezes, ao passarmos por algum ponto da estrada sofre interferência e precisa de ajustes para não perder a sintonia.
Procure descobrir qual é a música da sua vida; sinta a freqüência e harmonize-se com ela que a vida fluirá em perfeita sintonia com seus desejos e necessidades. A harmonia com a essência divina, só é alcançada com atenção diária e combate incessante aos problemas do cotidiano que minam o caminho da tranquilidade, instalando desarmonia e sofrimento na vida. Não importa o ritmo, o importante é não desafinar e tratar as adversidades como instrumentos a serem afinados, a fim de que não comprometam a harmonia da música. Estar em harmonia com a vida é um dos segredos para a felicidade, mas é preciso dominar a capacidade de conectar-se harmoniosamente a níveis superiores, modulando obstáculos, rearranjando notas para compor uma bela música em louvor à vida, ao universo, a Deus. Experimente! Boa semana.
Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 24/08/2009
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