Jair A. Pauletto
O Singular do Plural
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Textos

Aprender com os outros

Esta semana, eu me deparei com uma situação que, de tão repetitiva, me fez levar a uma reflexão. Por coincidência, mas certamente não por acaso, encontrei várias vezes, uma adolescente acompanhada da mãe, nos corredores de um supermercado que, como eu, também fazia compras. Uma ocasião aparentemente normal, afinal, o supermercado não era tão grande e, como sempre é bom procurar produtos mais em conta, acabei me encontrando com a dupla, várias vezes. Mas, nesse caso, em especial, sempre que as encontrava, a menina perguntava para a mãe: eu posso? Mas antes que a mãe expressava algo, seu pensamento era novamente interrompido pela mãe com um: nem pense nisso. A freqüência foi tanta que não tive como não pensar no assunto e questionar: será que aquela jovem era realmente daquele tipo de pessoa que tudo quer, que está sempre querendo algo a mais, enfim, uma consumista inveterada. Era uma possibilidade, mas com num olhar mais atento, tive a impressão que se tratava de outra situação, algo que considero ainda mais complicado que o vicio consumista. Tive a nítida impressão que, o que estava presenciando era uma absoluta dominação da mãe em relação à filha.
Conheço vários casos de submissão, ou se preferirem, de dominação, que tiveram conseqüências desastrosas, principalmente no campo mental, e até mesmo físico. Neste aspecto, a pessoa se sente tão submissa, que até mesmo sua postura corporal é afetada, tornando-se uma pessoa curvada e retraída. Obviamente, que muitas pessoas tímidas também apresentam aspectos semelhantes, mas de modo geral, essas características se fazem presente na postura de quem é “vitima” deste tipo de atitude. No entanto, é no campo psicológico que os efeitos causam estragos maiores: primeiramente anulam a auto-estima e a iniciativa; posteriormente e por conseqüência a pessoa se anula para a vida, pois sem iniciativa e auto-estima, não se tem disposição para a vida, não se encontra razões para melhorar-se e desenvolver-se. Aliás, desenvolver-se é um processo contínuo que a vida nos empoe independente de nosso desejo, pois as situações do cotidiano nos obrigam a isso, porém sem a iniciativa, o desejo e a autoconfiança de melhorar-se, não avançamos. Na ausência destes elementos, as experiências vividas não se traduzem em aprendizado, progresso pessoal. Servem apenas para nos manter vivos e adequados a manipulações e interesses dos outros, portanto, incapazes de contribuir efetivamente para melhorar a própria vida e a sociedade.
Impor os próprios desejos pela força da dominação é desconhecer o funcionamento básico das leis da vida, é mais que desrespeitar o direito do outro, é um ato de pobreza humana e até mesmo de ausência de inteligência, uma vez que se trata de uma barbárie contra a própria consciência. Porém, isso ocorre assim mesmo, em muitas pessoas, pois ignoram o alerta da consciência, por estarem absolutamente desligados, ausentes dos verdadeiros princípios de humanidade e estreitamente ligados, ou melhor, dominados pela vaidade, pela ridícula manifestação do orgulho e toda a gama de sentimento, inferiores que degradam o homem.
Dentre todas as maldades humanas, que infelizmente, são em número e grau muito maiores do que pensamos, uma das mais danosas é a de extrair, de impedir, de abortar o crescimento da própria individualidade, da personalidade através da imposição da própria vontade. Essa atitude resulta num terrível carma não somente para o obsessor, mas tem um efeito danoso em toda a sociedade que fica privada de efetiva e espontânea contribuição que todo o cidadão livre deve dar. E, por falar e contribuir, não podemos nunca deixar de lado essa atitude, pois nos permite exercitar vivências e construir condições melhores para a própria vida. A ativa participação na construção de espaços e oportunidades para o desenvolvimento de todos é papel fundamental na existência humana, isso deve ser feito sempre, e pode ocorrer sem prejuízo ao lazer, ao convívio familiar ou o recolhimento à individualidade, visto que podemos nos melhorar apenas evitando maus pensamentos, já que estes são energias que liberamos no universo. Vigiando os próprios pensamentos, podemos nos tornar melhores e, obviamente, construir relações mais saudáveis, proporcionar maior bem estar do outro e ajudar a espalhar mais amor e fraternidade.
Obviamente que não falei daquela mãe, sobre a conduta que exerce em relação à filha, uma vez que, infelizmente ainda existem limites sociais que precisamos respeitar, mas inconformado com aquela atitude trago esse assunto ao debate na esperança que possa evitar que outros sigam o triste caminho daquela mãe, ou pelo menos sensibilizar os mais despercebidos do prejuízo que esse tipo de atitude pode causar. Sei que este é mais um assunto complexo cuja profundidade, sou incapaz de atingir, porém estas pequenas abordagens servem para mostrar a complexidade e as conseqüências de certas atitudes humanas. Embora complexa e mesmo somando todos os erros, falsas interpretações, omissões e falhas, não há nada melhor que estar vivo, porém somente viver é muito pouco para seres dotados de infinitas capacidades e que se autodenominam inteligentes. É necessário que melhoremos a cada dia. Boa semana.
Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 23/07/2009
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