Onde está a Felicidade.
Na televisão, um comercial, insistentemente tentado promover um filme, diz que a “felicidade está sob o sol da Toscana”. Além de chato, isto me lembrou o tempo em que eu vivia me queixando que não era feliz, que a felicidade era algo impossível.
Quando era criança a felicidade vinha embrulhada em um papel colorido, mas pouco tempo depois os brinquedos deixaram de fazer efeito, pois comecei a desejar embrulhos que meus pais não podiam comprar. Apesar disso, a vida era boa, obviamente que concluí isso somente quando os brinquedos já não me despertaram mais interesse algum. No inicio da adolescência, tudo que precisava para ser feliz podia ser encontrado na pequena loja ao lado da praça. Nossa! Aquela loja tinha tudo para fazer alguém feliz: vendia tênis, revistas, relógios, eletrônicos, camisetas e qualquer outra coisa que estivesse na moda.
Mais tarde, a danada da felicidade mudou-se para as festas, baladas,namorada,conclusão dos estudos, independência financeira, enfim, estava sempre um passo à frente. Também passou pela ilusão de ganhar na loteria, de comprar um carro novo, de ficar famoso por um talento qualquer. No entanto, sempre que a felicidade parecia estar ao meu alcance, ela dava um jeito de mudar-se para alguma outra coisa que eu precisava alcançar. Assim, passei a acreditar que “só seria feliz no dia em que...”.
Felizmente, após muito tempo e muita pancada na cabeça, descobri que estava me impondo condições para ser feliz, e que cada uma dessas condições se tornava uma promessa para mim mesmo ou desculpas para a insatisfação. Aliás, promessas e desculpas são armadilhas perfeitas para adiarmos a ação, para jogar tudo para o futuro e continuar na ilusão de encontrar a felicidade lá adiante. Isto me fez perceber que estamos aqui para aprender com a vida sobre nós e não para ensinar a vida o que queremos. Então, compreendi que a felicidade se conquista através do desenvolvimento da consciência e, que após alcançarmos determinado patamar ela nos introduz ao fluido amoroso da vida. Essas leis da vida são fundamentais para nos conectarmos com a sintonia da felicidade.
Mas, afinal, o que é essa felicidade que tantos almejamos? Será que todos podem alcançá-la? Se não soubermos o que ela é, dificilmente saberemos o que fazer, até mesmo, porque, ser bem sucedido parece não dar garantia alguma, pois, à maioria das pessoas consideradas pela sociedade como bem sucedidas, admitem não serem felizes.
A felicidade não pode ser adquirida, perdida ou dada, uma vez que não se pode tê-la, apenas senti-la. Todos nós possuímos uma seta interna que nos indica o verdadeiro caminho para alcançá-la, mas para isso precisamos ter a sensibilidade de sentir e compreender a linguagem da vida. Encontraremos a resposta para todos os questionamentos se tivermos coragem de seguir as sinalizações interiores e melhorarmos a percepção sobre o sentir.
O filósofo Epicúrio, pregava que a felicidade advém das coisas simples; Confúcio disse que "A melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros." Para Nietzsche: "Não é a força, mas a constância dos bons sentimentos que conduz os homens à felicidade." E, por sua vez, Thomas Hardy nos diz que: "A felicidade não depende do que nos falta, mas do bom uso que fazemos do que temos." No entanto, individualmente compreendemos a felicidade conforme o grau de desenvolvimento, o entendimento que temos das leis da vida e a maneira de senti-la.
Portanto, a felicidade não pode ser encontrada no shopping, naquela loja ao lado da praça, como eu pensava ou na ilusão do “se...”. É preciso entrar na vibração amorosa para que esta atraia o que for melhor para nossas vidas, que isso nos levará à felicidade. Ser feliz é perceber o que é a vida, reconhecer as maravilhas que a natureza nos disponibiliza e enxergar a grandeza de ser humano. Porém, assim mesmo os problemas, a tristeza e a raiva não deixarão de existir, mas quando alcançarmos esse estágio de consciência, esses momentos serão acolhidos com serenidade; o que nos ajudará a perceber as lições preciosas que esses “aborrecimentos da vida” contêm.
Na minha longa jornada, essas foram algumas premissas que me ajudaram a superar bloqueios e falsas percepções, que me impediam de entrar em contato com o meu íntimo e seguir as setas indicativas para a felicidade. O grande segredo foi ter acreditado que todos os recursos e respostas, indispensáveis para alcançar a felicidade, podiam ser encontrados no próprio interior.
É natural resistirmos a tudo que não estamos familiarizados, mas pelo menos, espero que meus erros evitem que caias nas mesmas e infrutíferas ilusões e que consideres a possibilidade de explorar profundamente o imenso e surpreendente território que habita o seu ser, certamente encontrarás o porquê de ser, a felicidade, um bem precioso possível a todos. Nunca fui a Toscana, mas assim mesmo tenho certeza que não é preciso ir até lá para encontrar a felicidade. Boa semana.
Jaìr A Paùlétto
Enviado por Jaìr A Paùlétto em 12/02/2009
Alterado em 13/04/2012