Questionamentos.
Nos últimos tempos, algumas pessoas provavelmente se surpreenderam pelas imprevisíveis manifestações da natureza: seja pelas alterações bruscas de temperatura; tufões; tempestades; secas; enchentes; sem contar com a desestruturação econômica que ameaça espalhar muita fome e miséria pelo mundo; com as oscilações dos mercados financeiros; com o aumento da violência; os indesejáveis comportamentos sociais ou mesmo por qualquer outro assunto, dentre as inúmeras outras preocupações que hoje fervilham na cabeça de boa parte da população mundial.
São “problemas” que há muito tempo já vínhamos recebendo sinais de que um dia se tornariam graves, com sérias conseqüências. Contudo, seja pela preocupação com o imediato, pela falta de habilidade para avaliarmos corretamente sua importância, pouco ou nada fizemos para minimizar seus efeitos. Sem contar que uma parcela significativa da população não vê motivos para se preocupar e muitos menos se sente responsável, pois entendem que não são problemas seus, afinal, são problemas globais e, justamente para resolvê-los, elegemos governantes, financiamos pesquisas e criamos uma infinidade de aparatos tecnológicos.
Diante disso, e sem nenhuma demagogia, incitação à culpa ou pessimismo, lamento informar que temos responsabilidade direta em todos esses acontecimentos. É bem verdade que o sistema que compõem a base da sociedade atual é amplo e complexo, mas por mais imperfeita que possa ser a noção que temos de responsabilidade, não podemos esquecer que a cada ação corresponde uma reação e, que as conseqüências atuais são frutos das causas de ontem, isto é, do que fizemos ou deixamos de fazer.
Certamente nem é preciso recorrer ao livro do apocalipse, embora, juntamente com as cartas de Paulo, sejam páginas para uma importante e esclarecedora leitura, mas proponho um aprofundamento da importância que devemos atribuir a esses questionamentos, sobretudo os de foro íntimo, vindo dos confins da alma. Sobre aquelas inquietações que por alguma razão, raramente as identificamos no momento que surgem, mas que nos perturbam e remetem a busca de soluções. Essas perguntas, geralmente indesejadas, são uma benção para o nosso desenvolvimento, surgem conforme as necessidades de cada indivíduo, assim estimulam a reflexão, a curiosidade e o exercício da percepção, fatores fundamentais para compreendê-las. Proporcionam ainda o desenvolvimento intelectual mais amplo, pois podem abranger as mais variadas áreas.
Entretanto, as que envolvem os nossos afetos, são as mais temidas e ao mesmo tempo as que trazem maior beneficio para o crescimento pessoal. E por falar em crescimento, aos que me acusam de incentivar o individual em detrimento ao social, aproveito para esclarecer que não acredito que possamos contribuir substancialmente na sociedade sem que nos tornemos pessoas melhores, pois somos parte do meio, e a melhor maneira de mudar o social é mudando a nós mesmos. É claro que não precisamos esperar alcançar a iluminação para contribuir com o bem estar coletivo, mas definitivamente é impossível a partir do Lolium temulentum, tipicamente conhecida como joio e obter um delicioso pão. Devemos ser como um grão de trigo da melhor qualidade, para podermos fornecer a boa farinha, que alimentará a sociedade.
Um dos mais difíceis questionamentos que se abatem sobre nós humanos, é o que influência diretamente o nosso semelhante. Trata-se de uma situação, na qual uma determinada ação decidirá sobre a questão que vai interferir na caminhada do outro. Mas, nestes casos, é importante lembrar, que sempre temos o direito de escolha, seja qual for o momento. Esse é um direito individual e que assiste o outro também, portanto uma eventual escolha indevida sempre poderá ser melhorada, complementada ou anulada por outra. O importante é assumir a responsabilidade e debater com ardor qualquer questionamento que a vida nos traga, pois são sinais que demarcam caminhos necessários ao aprendizado evolutivo.
Buscar na magia, feitiçaria ou qualquer outro sortilégio, direcionamentos para a solução destes questionamentos que em última análise não passam de conflitos internos, é o mesmo que tomar uma dose de bebida alcoólica para aliviar a tensão, antes do teste de alcoolemia. As questões íntimas propiciam os aprendizados necessários ao próprio aperfeiçoamento, mesmo as que princípio parecem não nos afetar diretamente, pois aparentam ser mais de ordem coletiva que pessoal, como o clima e a economia, por exemplo.
Tudo está interligado: a mudança pessoal afeta a sociedade; a fome na áfrica nos fragiliza como raça humana; o aquecimento global afeta o clima em todo o planeta, ou seja, vivemos num mundo globalizado, onde uma ação local tem repercussão mundial, o mesmo ocorre no “mundo invisível”. Naturalmente, tudo isso reflete na espiritualidade, uma simples ação pessoal positiva, afeta a iluminação, o desenvolvimento e a compreensão espiritual do mundo.
A resposta para solucionar qualquer questionamento é encontrada no intimo de cada um, saber aceitá-lo e propor-se a agir imediatamente é a alternativa certa para crescer. Os questionamentos são como o treinamento é para os atletas. É um exercício de aperfeiçoamento para a própria melhoria. Conscientizar-se disto é importante para que possamos transcender o estágio atual. Questionamentos são sinais a serem seguidos, pois indicam caminhos a serem percorridos. Pense nisso. Boa semana.